O PATHOS DA EXISTÊNCIA ESPECTRAL NA OBRA “A REPETIÇÃO” (1843) DE SøREN KIERKEGAARD

Autores

  • CÁssio Robson Alves da Silva
  • Evanildo Costeski

Resumo

A nascente da filosofia moderna – pelo menos a partir de René Descartes – teve como principal ponto de partida a subjetividade. A rigor, toda questão filosófica tem como fonte originária as inquietações do sujeito cognoscente. Porém, desde que o homem orientou esse procedimento para fins epistemológicos, cada vez mais percebia-se que o domínio subjetivo estava meramente a serviço de uma apreensão objetiva do mundo exterior. Todavia, é necessário rever o percurso e traçar um itinerário que nos conduz ao século XIX, afim de identificarmos como a modernidade científica predominou no âmbito filosófico em detrimento das questões puramente subjetivas. O principal objetivo deste trabalho é mostrar que a maneira como o filósofo Søren Kierkegaard concebe a subjetividade é consequência do desnivelamento entre o tratamento da objetividade científica de um lado e, de outro, o tratamento das questões subjetivas. Em seguida, é necessário admitir que qualquer indivíduo imbuído da tarefa de compreender a si mesmo depara-se inevitavelmente com uma equivocidade inerente ao processo de auto-contemplação da existência. Metodologicamente, encontramos na obra A Repetição de Kierkegaard (com o pseudônimo Contantin Constantius) a primazia da interioridade como o lugar da multiplicidade de sombras. Podemos falar da existência espectral, na qual a personalidade ainda não descoberta instaura-se como o lugar da liberdade do indivíduo interessado em revelar a si mesmo, antes mesmo de colocar a realidade exterior como conteúdo cognoscível. Enquanto as variações de si mesmo constituem meros espectros, o indivíduo concebe a própria existência sem a medição de um modelo subjetivo oriundo de sistematizações filosóficas. Por fim, segundo Kierkegaard, a imagem turva que o homem tem de si mesmo se habilita como etapa constituinte da subjetividade, uma vez que a paixão (pathos) da possibilidade do indivíduo em se estabelecer enquanto si mesmo faz com que ele se movimente em sua própria possibilidade.

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Publicado

2021-01-01

Edição

Seção

XIII Encontro de Pesquisa e Pós-Graduação