UMA CRÍTICA À BURGUESIA PORTUGUESA NA OBRA O PRIMO BASÍLIO, DE EÇA DE QUEIRÓS: INTERDISCURSIVIDADE COM FAUSTO, DE CHARLES GOUNOD

Resumo

O presente trabalho tem por fim apresentar uma discussão em torno da dissertação defendida em 13 de julho de 2020, cujo título é Cenas de Fausto n’ O Primo Basílio, de Eça de Queirós, através da ópera: ecos interdiscursivos de uma crítica à burguesia. Um dos pontos fulcrais a serem discutidos será evidenciar a necessidade deste estudo na busca por compreender como a referência Fausto, de Gounod, adaptação musical da obra-prima goethiana, no romance O Primo Basílio, de Eça de Queirós (1845-1900), publicado em 1878, compactua com o discurso queirosiano e demonstra com isso as suas coincidências ideológicas referentes a uma crítica à sociedade burguesa oitocentista. Partimos da hipótese de que a alusão operística gounodiana suscita um efeito de sentido simbólico de criticismo fazendo, desse modo, perceber a relação entre o poeta alemão e o escritor português. Primeiramente, revisamos o cenário jornalístico literário no qual Eça atuou, para, assim, estabelecer convergências entre a obra estudada e o Fausto. Em seguida, cotejamos as características coexistentes em O Primo Basílio e Fausto, compondo assim um cenário de interdiscurso. Por último, analisamos como ocorreu a interdiscursividade da ópera “Fausto” em O Primo Basílio, enquanto crítica à burguesia. O estudo confirma a interdiscursividade manifesta entre Fausto, poema trágico alemão, e a produção romanesca de Eça de Queiroz, O Primo Basílio, expresso operisticamente, por meio da isotopias temático-figurativas no âmbito da crítica à burguesia. Diante do exposto, acreditamos na contribuição desta pesquisa, decorrente dos resultados nela apresentados, pelo fato de ela, com base no método comparatista, propiciar uma análise interpretativa ampla da obra queirosiana, interessada em se debruçar nas referências intertextuais.