AS REVOLTAS DAS VACINAS: A AUTOGESTÃO DA MORTALIDADE E POLÍTICAS PERVERSAS DE LUTO.
Resumo
No início do século passado, o Rio de Janeiro vivia uma situação de insalubridade social sem precendentes. Dentro de um projeto para tornar a capital do Brasil uma "Europa possível", começou-se um intenso programa de remodelação da cidade que implicou em mudanças estruturais complexas. Sanitaristas, engenheiros e o poder público compuseram uma linha de frente responsável pela inserção da capital brasileira nas conjunturas da modernidade que se desenhava à época: um projeto importado de Paris. Tais mudanças pertenciam a um ideal de modernização urbana que implicaria na eliminação precária da pobreza, da doença e da criminalidade. O saldo desse episódio foi, de acordo com Nascimento (2013): "a total destruição de variadas propriedades, como casas comerciais e cortiços, ordens de despejo, ou seja, uma verdadeira febre de demolições que levaram os cidadãos a protestos, tendo em vista o autoritarismo imposto pelo governo como, por exemplo, a obrigatoriedade da vacina, as desapropriações embasadas em um discurso cientificista, onde se faziam os cidadãos crerem que suas casas estavam infectadas por bactérias". O intuito desse trabalho é, a partir do processo de urbanização burlesca que viveu o Rio de Janeiro na virada do século 19, construir um paralelo entre as "Revoltas das Vacinas", distanciadas por um século, e entender os enclaves históricos a partir disso. Com a crise do novo coronavírus, sob a cortina do neoliberalismo, observa-se hoje, a partir de um projeto necropolítico governamental, a perversidade circulante que arquiteta noções como a de que a adesão às medidas sanitárias se tratam de escolhas individuais, que vão do uso ou não de máscaras até atitude de não se vacinar. Não mais um acidente ou uma fixação narcísica na onipotência, o negacionismo em torno das vacinas tornou-se hoje não uma crença na imortalidade, mas uma autogestão da própria mortalidade. Agradeço a CAPS pela bolsa concedida e pela oportunidade de participar da Iniciação Científica.Downloads
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Publicado
2021-01-01
Como Citar
Patrick Oliveira Marrocos, Y., & Ferreira de Lima, A. (2021). AS REVOLTAS DAS VACINAS: A AUTOGESTÃO DA MORTALIDADE E POLÍTICAS PERVERSAS DE LUTO. Encontros Universitários Da UFC, 6(2), 850. Recuperado de https://periodicos.ufc.br/eu/article/view/73973
Edição
Seção
XL Encontro de Iniciação Científica
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