A FESTA DE IEMANJÁ DE FORTALEZA COMO PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL
Resumo
A Festa de Iemanjá de Fortaleza foi registrada como Patrimônio Cultural Imaterial por meio do Decreto nº 14.262 de 30 de julho de 2018, publicado no Diário Oficial pela Prefeitura de Fortaleza, por intermédio da Secretaria de Cultura (Secultfor). Com mais de cinquenta anos de existência, a festa é a principal celebração em espaço público dos praticantes da Umbanda da cidade. Este trabalho tem como objetivo refletir sobre a Festa de Iemanjá (Pordeus Jr., 2011) como marcadora social da diferença de uma população historicamente perseguida e estigmatizada por uma sociedade brasileira notadamente racista (Schwarcz, 2019). Como fenômeno excepcional e experiência social, a Festa de Iemanjá de Fortaleza produz o que Durkheim (1996) chama de efervescência coletiva e de transgressão das normas. Neste sentido, a celebração para Iemanjá desafiou a sociedade branca, cristã e elitista fortalezense desde a sua fundação, nos idos dos anos 1950, até a sua consolidação como patrimônio da cidade. No início, as festividades públicas da Umbanda só eram possíveis em lugares ermos por conta da perseguição do Estado. Mãe Júlia Barbosa Condante, mulher negra, nascida em Portugal, e fundadora da Federação Cearense Espírita de Umbanda São Jorge Guerreiro consolidou a festa na Praia do Futuro quando o acesso ainda era muito precário. Atualmente, há dois polos de festa na cidade. A União Espírita Cearense de Umbanda (UECUM) organiza na Praia do Futuro e a Associação Cultural Afro-brasileira Pai Luiz de Aruanda organiza na Praia de Iracema, ambas no dia 15 de agosto. A resistência e a luta dos povos de terreiro de Fortaleza, a busca por direitos sociais e a participação nas políticas culturais da cidade fizeram a diferença na conquista da patrimonialização da festa. Finalmente, a Festa de Iemanjá como Patrimônio Imaterial é uma vitória sociocultural e política para os/as umbandistas de Fortaleza, pois garante a sua existência como bem cultural e a preservação de sua memória coletiva e social.Downloads
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Publicado
2021-01-01
Como Citar
Souza dos Anjos, J., & Perla Diogenes de Aquino, J. (2021). A FESTA DE IEMANJÁ DE FORTALEZA COMO PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL. Encontros Universitários Da UFC, 6(3), 1904. Recuperado de https://periodicos.ufc.br/eu/article/view/75027
Edição
Seção
XIV Encontro de Pesquisa e Pós-Graduação
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