MATERNAR A MONSTRUOSIDADE: A COTIDIANIDADE DO TERROR/HORROR NAS OBRAS DE GABRIELA AMARAL ALMEIDA

Resumo

A realizadora baiana Gabriela Amaral Almeida sempre teve no cinema de gênero, mais precisamente no terror/horror, sua principal fonte de expressão. No presente trabalho, analisaremos como a maternidade é construída em sua produção cinematográfica a partir da análise de três curtas-metragens: Uma primavera (2011), A mão que afaga (2012) e Estátua! (2014). No primeiro, o drama de uma mãe que perde a filha adolescente no parque; no segundo a incomunicabilidade na relação mãe e filho que eclode durante uma festa de aniversário; e por fim, no terceiro, as brincadeiras infantis e como elas podem ser assustadoras. Em cada uma das obras, a instauração do terror/horror se dá por uma via diferente, mas sempre calcada na cotidianidade e na reflexão que só é possível quando se analisa a operação das estruturas de poder presentes nela. Para analisar os três filmes, iremos articular conceitos ligados ao debate sobre maternidade, tanto aqueles produzidos quando se pensa no trabalho doméstico como é o caso de Silvia Federici (2019), como aquele que surge da construção das mulheres no cinema de terror/horror de Sarah Arnold (2013), e a análise fílmica proposta por Vanoye e Goliot-Lété (2008). Apontar para esse debate é compreender de que forma Almeida constrói um novo olhar para a maternidade e para o cinema de terror/horror, pensando cada vez mais nos monstros do cotidiano e nos medos que só são possíveis dentro das estruturas de poder. Este trabalho é um recorte de uma pesquisa de dissertação em desenvolvimento dentro do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFC (PPGCom) e só foi possível graças ao papel desempenhado pela Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap) como financiadora da diversidade do conhecimento cultural, artístico e científico.