MÉDICOS NUTRÓLOGOS E CARTILHAS SOBRE EDUCAÇÃO ALIMENTAR (DÉCADAS DE 1930 E 1940): HIGIENISMO, EUGENIA E DESENVOLVIMENTO DA PÁTRIA.

Resumo

Trata-se de uma análise sócio histórica de cartilhas sobre alimentação, com objetivos voltados para educação alimentar do povo brasileiro, que foram publicadas entre 1938 e 1946, período que emerge o saber em alimentação e nutrição no país. A partir da década de 1930, no Brasil, discussões de caráter científico sobre alimentação vão adquirindo mais propriedade, levando ao estabelecimento de um campo de saber específico. Tendo em vista o período de aumento do número de publicações nacionais sobre a temática alimentação e de criação e desenvolvimento das bases do conhecimento e, consequentemente, de sua aplicação prática enquanto ciência, analisou-se as cartilhas: “Os pequenos fundamentos da boa alimentação”, de Thalino Botelho (1938); “Cartilha de Alimentação do Brasil”, de Mario Rangel (1938); “ABC da alimentação”, de Orlando Parahym (1943); e a “Cartilha Alimentar do Homem Rural”, de Rubens de Siqueira (1946). Objetivou-se identificar concepções de alimento e de educação alimentar, conceitos de comida, alimentação e nutrição, verificando como se expressam conteúdos de natureza política, de controle social e moral. Refletem-se nas obras as pretensões de controle e intervenção do Estado, aplicados sob orientação escolanovista com traços da pedagogia tradicional. A ideia principal era modificar hábitos alimentares considerados ruins praticados pela população brasileira, ensinando-a a alimentar-se de maneira racional, experimentando a alimentação correta, via regras e conselhos médicos. O foco era o melhoramento da raça, aumento da resistência biológica, o disciplinamento do corpo, buscando potencializar o desempenho do sistema produtivo. Desejava-se uma nacionalidade produtiva que conduzisse o país a progredir economicamente e socialmente.