PERFIS POLÍTICOS FEMINISTAS E ANTIFEMINISTAS SOBRE A EDUCAÇÃO SEXUAL NAS ESCOLAS: UMA ANÁLISE DE DISCURSO CRÍTICA

Resumo

O aumento da representatividade feminina na política, por si só, parecia garantir um realinhamento progressista no Brasil, até que a direita ascende ao poder. Assim, esta pesquisa analisa a construção discursiva de figuras feministas e antifeministas da atual gestão política brasileira. Especificamente, examina-se como certos recursos linguageiros são utilizados por essas figuras para delimitar a necessidade (ou não) de políticas educacionais sobre gênero e sexualidade nas escolas. A hipótese é a de que esses perfis femininos lutam pela hegemonia de significados, tentando suturar “Família” e “Religião”, de um lado; e “Estado” e “Escola”, de outro. Nesta investigação linguístico-educacional, toma-se como base a Análise de Discurso Crítica em sua vertente dialético-relacional, considerando o discurso como uma prática de linguagem de uma dada esfera humana. Dialoga-se ainda com os Parâmetros Curriculares Nacionais, no que concerne à orientação sexual, e com os estudos sobre Gênero. O corpus se trata do material levantado para a discussão nos encontros quinzenais do Grupo de Estudos Linguagem e Educação Sexual, momento em que se buscou, além de revisar a literatura pertinente à macrotemática, também aplicar tal aporte à exploração de notícias, entrevistas e propagandas partidárias, em que se inserem figuras feministas e antifeministas da atual gestão política brasileira. Os resultados parciais demonstram que antifeministas tendem a corroborar o ideal abstrato de “não violência” contra as crianças, desde que não haja políticas públicas concretas para evitá-la. Na outra ponta, feministas defendem que certas relações de gênero estão sendo silenciadas e que a educação sexual nas escolas é vital para se prevenir, por exemplo, doenças, sendo, portanto, uma questão de saúde pública. Dessa forma, vislumbra-se que essa instabilidade discursiva sobre a educação sexual gera ocasião para a mudança social.