DESENHANDO PARA A SAPORÉ: A IMPORTÂNCIA DO DESENHO NA LUTA PELA GARANTIA DE DIREITOS

Autores

  • Juliana de Boni Fernandes
  • Luísa Fernandes Vieira da Ponte
  • Clarissa Figueiredo Sampaio Freitas

Resumo

O trabalho parte da premissa de que a cidade se configura como uma arena de conflitos entre as diversas camadas de interesse que operam a lógica da produção do espaço, esta ótica ajuda a elucidar realidades e encontrar soluções contra-hegemônicas (VAINER, 2016). Neste cenário de confronto com a ordem vigente, o desenho e o projeto ganham uma dimensão fundamental como ferramenta de mediação e de argumentação técnica para a conquista do direito à cidade, à moradia e ao meio ambiente (REIS et al, 2019, p. 177). A pesquisa aborda o conflito entre a Comunidade Saporé, localizada na ZEIS Mucuripe, e a implementação do projeto do Parque Riacho Maceió pela Prefeitura Municipal de Fortaleza (PMF). Busca identificar o papel do desenho e do mapeamento alternativo para avançar na direção da garantia dos direitos socioambientais. No último ano, realizamos um mapeamento comunitário e uma série de reuniões com os moradores ameaçados de remoção, com o objetivo de exercer a assessoria técnica em arquitetura e urbanismo (ATHIS), num contexto de ausência de diálogo por parte da PMF. Estas atividades se tornaram base argumentativa para o projeto “Contra-laudos e Plano de Reassentamento: Alternativas Possíveis para a Comunidade da Saporé na ZEIS Mucuripe” que conquistou o 1ª lugar no Edital de apoio à ATHIS do CAU/CE, em 2022, onde participo como bolsista e responsável técnica. A proposta é produzir documentos técnicos que visibilizam a perspectiva comunitária, ignorada até então pela gestão municipal. Nossas ações junto aos moradores produziram resultados preliminares que reforçam a proposição do desenho como instrumento mediador de conflitos: a maior compreensão dos efeitos da intervenção por parte dos moradores que têm, aos poucos, se apropriado da linguagem técnica para dialogar com o poder público; a disseminação dos efeitos socialmente perversos do projeto do Parque junto a sociedade civil; o aumento da disponibilidade da PMF para o diálogo.

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Publicado

2022-01-01

Edição

Seção

XV Encontro de Pesquisa e Pós-Graduação