ESCOLAS CORÂNICAS NO CONTEXTO EDUCATIVO DA GUINÉ-BISSAU E EM CABO VERDE

Resumo

O presente artigo apresenta uma análise sobre a escolas corânicas nos sistemas de ensino na Guiné-Bissau e em Cabo Verde. O estudo tem como objetivo analisar as condições de funcionamento das escolas corânicas nestes dois países. A análise documental, entrevistas, consultas bibliográficas e o desenho ex-post, tendo em conta a experiência do autor durante cinco anos de estudos nessas escolas, são opções metodológicas deste estudo. São analisadas as leis de base dos sistemas educativos da Guiné-Bissau e de Cabo Verde. As discussões permitiram explicar a origem e expansão das escolas corânicas na África Ocidental, definir a tipologia e o lugar escolas corânicas nos educativos da Guiné-Bissau e de Cabo Verde. O estudo conclui que o ensino corânico na costa ocidental africana começou pela primeira vez com a instalação do convento fundado por pregador Abd Allâh Ibn Yassin, na costa da atual Mauritânia, e expandiu-se para os impérios do Gana, Mali e Gabu. As escolas corânicas são distinguidas em majalis e madaris. As majalis são escolas corânicas tradicionais que funcionam ao ar livre ou em torno de uma fogueira, utilizando os métodos tradicionais e a línguas árabe e materna para o ensino do Alcorão. As madaris ou madrassas corânicas, são escolas corânicas onde se ensina a cultura islâmica utilizando a língua árabe e os conteúdos pragmáticos em moldes pedagógicos e científicos. majalis e madaris se encontram na estrutura não formal de educação na Guiné-Bissau juntamente com as escolas particulares, os cursos de alfabetização e educação de adultos. Em Cabo Verde, as majalis não se enquadram no sistema educativo de Cabo Verde. Porém, as madaris ou madrassas corânicas, podem funcionar no quadro das Escolas Privadas, uma vez que tenham uma licença, planos de estudos e conteúdos programáticos, semelhantes aos que são vigentes no ensino público cabo-verdiano, e ainda uma abertura para o ensino de outras matérias científicas.