ANÁLISE E DISCUSSÃO DA ORGANIZAÇÃO DE LIVROS DIDÁTICOS DE BIOLOGIA

Abstract

Este trabalho objetivou refletir sobre a organização dos conteúdos de biologia contidos em livros didáticos do ensino médio. Sendo o livro didático importante ferramenta para o professor em seu fazer pedagógico, a análise do seu conteúdo, na perspectiva crítica dá mais autonomia a ação docente. Nesta pesquisa selecionamos coleções de diferentes editoras. Foi possível perceber que a grande maioria delas seguem uma mesma sequência dos conteúdos, partindo dos níveis de organização menores aos maiores: inicia-se pelo estudo dos componentes moleculares, seguindo-se das células e posteriormente de processos nos organismos. Ao final, nas últimas unidades do terceiro ano, assuntos como Evolução e Ecologia são abordados. Infelizmente, essa organização só reflete a forma que as próprias Ciências Biológicas se consolidam na comunidade científica. Como reflete Ernst Mayr, o estatuto de Ciência, reconhecido nas Ciências Biológicas, apoia-se no fisicalismo como modelo de ciência, e tornam processos mecanicistas e reducionistas como foco da compreensão e do ensino de biologia, que chega ao ensino básico. Esse olhar puramente fisicalista é apenas um ramo da biologia: a biologia funcional, que tenta explicar todas as atividades dos organismos vivos. Portanto, os demais aspectos de compreensão da vida como mais do que “tubos de ensaio” resultado de processos químicos, são tratados como secundários ou sem importância. Como exemplo de alternativa a essa estruturação hegemônica, a coleção “Conexões com a Biologia” aborda em todos os volumes temas sobre Evolução e Diversidade, trazendo Ecologia para o início. Essa abordagem torna o ensino interessante para o entendimento das ciências da vida, pois na perspectiva pedagógica de Paulo Freire, o respeito aos saberes e vivências dos alunos, sendo inseridos no processo de aprendizagem, torna a ação docente autônoma e participativa, por não utilizar apenas o pensamento reducionista e positivista.