OS ANIMAIS POR UMA ÓTICA RELIGIOSA: UMA ABORDAGEM À LUZ DE LUDWIG FEUERBACH E PETER SINGER

Abstract

O presente resumo tem como objetivo levar a reflexão sobre um tema pouco abordado em nossa sociedade, mas que merece uma maior atenção e discussão. Desde o início dos tempos que os animais são tratados de forma diferente com uma realidade inferior a do homem ou com uma idolatria exagerada. Essa realidade tem se permeado até os dias vigentes, seja como objeto de adoração religiosa que os supervalorizam, seja como objeto de exploração dos humanos que os desvalorizam. Por esse viéis, buscaremos explicitar à luz do filósofo alemão Ludwig Feuerbach e do filósofo australiano Peter Singer a origem e a consolidação da tradição religiosa em que os animais não humanos se tornaram deuses ou simples coisas a partir das religiões primitivas e da religião cristã. Para essa abordagem utilizarei como embasamentos principais as seguintes obras: A essência da religião (1846), Preleções sobre a essência da religião (1851) de Feuerbach e Libertação Animal (1975) de Peter Singer. Feuerbach é um grande crítico das religiões e rejeitava qualquer sistema que desvalorizasse a natureza natural. No entanto, tinha um grande apreço pelas religiões naturais que reconhecia parcialmente o valor da natureza, embora essa fosse divinizada. Deste modo, põe-se em questão os entes naturais como objeto de adoração religiosa, incluindo os animais. Por outro lado, assim como Feuerbach, Singer também lança críticas à religião, mais precisamente ao cristianismo que acredita na imortalidade da alma e por isso coloca o homem em um patamar acima dos animais não humanos, consolidando, portanto, uma tradição de discriminação arbitrária, no que Singer chama de especismo. Diante disso, veremos que embora a discussão entre os dois filósofos pareçam ter um início com interpretações distintas, perceberemos que o desdobrar das questões postas nos levarão a semelhança entre ambos, tal semelhança resulta em uma única finalidade que é o bem-estar do humano.