INSTABILIDADE PLUVIOMÉTRICA E AGRICULTURA DE SEQUEIRO NO SEMIÁRIDO DO CEARÁ: ESTUDO DE CASOS DOS MUNICÍPIOS DE APUIARÉS E ARACATI1

Abstract

Caracterizado por praticamente ter o todo o seu território inserido no clima semiárido, o estado do Ceará possui o mesmo padrão de instabilidade temporal e espacial de distribuição de chuvas das áreas que estão sob esse clima. Em decorrência do não acesso por parte dos agricultores do estado a tecnologias adequadas e adaptadas a essas condições, a agricultura local gira em torno das culturas de sequeiro. Essas lavouras se caracterizam por dependerem exclusivamente da pluviometria. Diante disso, utilizando dados retirados da FUNCEME e das Pesquisas Agrícolas Municipais do IBGE, o presente estudo avalia as evoluções das trajetórias da distribuição da chuva e sua relação com a produção de lavouras de feijão, mandioca e milho nos municípios de Apuiarés e Aracati, entre os anos de 1974 a 2020. Inicialmente a pesquisa buscou adaptar os regimes pluviométricos no período estudado aos estimados para o Ceará: Os regimes utilizados são Estiagem, normalidade e chuvoso. Observou-se que a distribuição desses períodos nos municípios se deu da seguinte forma: em Apuiarés, foram 25 anos de estiagem, 8 anos de normalidade, 14 anos de períodos chuvoso; Em Aracati, foram 19 anos de estiagem, 13 anos de normalidade, 15 anos de períodos chuvoso. Como esperado, observa-se que as médias das pluviometrias nos períodos de estiagem são sempre menores do que nos demais períodos e apresentam as maiores instabilidades medidas pelos respectivos coeficientes de variação. A conclusão geral do estudo é que os municípios experimentaram elevados percentuais de períodos de estiagem no período analisado. A pesquisa também mostrou que as instabilidades pluviométricas se transmitiram para as variáveis definidoras das produções de feijão, mandioca e milho nos municípios analisados entre 1974 e 2020. Daí a relevância da pesquisa como fomentadora de informação para o planejamento da produção de lavouras de sequeiro, tanto em nível dos agricultores como dos órgãos que prestam assistência técnica e creditícia.