PADRÕES EPIDEMIOLÓGICOS E OPERACIONAIS DE CONTROLE DA HANSENÍASE EM FORTALEZA-CEARÁ: 2001 – 2019

Abstract

INTRODUÇÃO: A hanseníase é uma doença negligenciada, crônica e com perfil de hiperendemicidade no município de Fortaleza. Dessa forma, estratégias devem ser pensadas para redução da carga da doença em territórios com maior risco, incluindo detecção precoce de casos e educação em saúde. O Programa PEP++, promovido pela NHR Brasil e apoiado pela UFC, insere-se neste contexto com foco na quimioprofilaxia para contatos. OBJETIVOS: Caracterizar os padrões epidemiológicos e operacionais da hanseníase em Fortaleza-CE, 2001-2019. MÉTODOS: Estudo transversal, descritivo, realizado a partir dos dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) de Fortaleza-CE em 2001-2019. Foram calculadas a taxa de detecção de casos novos (CN) de hanseníase e a proporção de CN de hanseníase com grau de incapacidade física 2 (GIF-2). RESULTADOS: Foram analisados 13.680 CN, sendo 6.977(51%) em homens e 5.557(48,4%) em pessoas autodeclaradas pardas. A média de idade foi de 44,1 anos, com 88,5%(12.108) apresentando >20 anos. A taxa de detecção de CN manteve-se em parâmetro de hiperendemicidade (>40,00/100 mil hab.) e de muito alta endemicidade (20,00-39,99/100 mil hab.). Nos últimos três anos teve parâmetro alto (10,00-19,99/100 mil hab.), com 17,30/100.00 hab. em 2019. A proporção de CN com GIF 2 manteve-se principalmente no parâmetro médio (5,0-9,9%) e uma vez no baixo (≤5,0%). Nos últimos dois anos, esta proporção retornou ao parâmetro alto (≥10,0%), tendo em 2019 a maior proporção (15,7%). CONCLUSÕES: O aumento significativo da proporção de CN com GIF2 e a redução na taxa de detecção de CN refletem diagnóstico tardio, reforçando a hipótese de endemia oculta e a necessidade de fortalecer a vigilância no território. É de extrema importância a qualificação das ações de busca ativa e implementação da quimioprofilaxia, visando diagnóstico precoce, e menor proporção de pessoas com incapacidades físicas.