POPULISMO E (DES)ENGAJAMENTO: PARTICIPAÇÃO POLÍTICA EM TEMPOS DE CRISE REPRESENTATIVA

Abstract

Dentro das discussões acerca dos fatores que impulsionam ascensões de formas populistas de governos a redor do mundo, é bem consolidado na Ciência Política que a desconfiança nas instituições públicas e aparelhos tradicionais de representação são parte fundamental desta rede de causalidade. No entanto, quando procuramos nos aprofundar a respeito dos elementos que compõem esse quadro de desconfiança dos cidadãos, não nos deparamos com a tentativa de procurar correlação entre esta falta de confiança com uma esfera que, constantemente, é alvo, dentro de regimes populistas: a participação civil institucional. Neste trabalho, pretende-se demonstrar que existe, estatisticamente, relação direta entre o desengajamento participativo institucional - somado com as novas formas de se relacionar com o consumo de informação política - e o clima geral de desconfiança nos meios tradicionais de representação e participação traduzidos no sistema partidário. Para isso, a metodologia adotada foi a utilização de técnicas estatísticas como a Regressão Linear Múltipla, que permitiu demonstrar que existe relevante significância nas correlações entre as variáveis escolhidas para a composição do modelo de regressão final. Assim, a partir de dados levantados através de survey construído em conjunto pelo PET-CS e o PIBIC, podemos afirmar que a desconfiança nos meios de comunicação tradicionais e o consumo de informações políticas oriundas da internet, juntamente com o desengajamento político institucional proporciona um campo fértil para uma desconfiança nas formas tradicionais de representação política. Cria-se a partir disso, um quadro favorável à ascensão de líderes populistas.