EXPERIÊNCIAS HISTÓRICAS DO CRISTIANISMO DA LIBERTAÇÃO NA AMÉRICA LATINA

Abstract

Em 1964, é consumado o golpe militar no Brasil; em 1971, na Bolívia; em 1973, se dissolve o Congresso do Uruguai; em 11 de setembro do mesmo ano, Salvador Allende é assassinado e o ditador Augusto Pinochet toma o poder no Chile; em 1975, Francisco Morales Bermudéz ascende no Peru; em 1976, cai o governo nacionalista no Equador; no mesmo ano, ascende Videla na Argentina. É nesse cenário, em que a América Latina está envolta pela repressão, que se desenvolvem valiosas experiências do cristianismo da libertação, que se diferenciavam de país para país e mesmo dentro de uma mesma nação. A Igreja tanto assumiu função revolucionária, como também fortalecedora da hegemonia autoritária. Uma referência importante para o estudo da relação entre as religiões – sobretudo a católica – e os governos revolucionários foi o Chile. Nos três anos em que Allende ficou no poder, entre 1970 e 1973, o país sul-americano abrigou um movimento de padres, ligados a teologia da libertação, que apoiavam o governo e fundaram o Movimento “Cristãos pelo Socialismo”. Também lembramos aqui de Camilo Torres, sociólogo, intelectual e sacerdote colombiano que, na década de 1960, se engaja fortemente nas lutas populares de seu país e abandona a hierarquia da igreja e junto com ela seus direitos e privilégios, mesmo nunca tendo abandonado o cristianismo. Também na Argentina, em 1968, surgiu uma Associação de sacerdotes comprometidos com o povo. O seu programa se propunha aplicar o Concílio Vaticano II e aderir às lutas populares. O agrupamento foi nomeado de “Sacerdotes para o Terceiro Mundo” e chegou a reunir 500 pessoas, entre padres e bispos, com predominância dos primeiros. A partir de 2015, tem andamento o processo de beatificação de Dom Oscar Romero, bispo salvadorenho, assassinado pela ditadura daquele país enquanto celebrava uma missa. A apresentação vai fazer uma balanço das experiências que se deram na América Latina neste momento dramático da história do continente.