O INSTITUTO NACIONAL DO LIVRO (INL) E O DESEJO DE DESCOBRIR A ALMA DO BRASIL: O CASO DA ENCICLOPÉDIA E DO DICIONÁRIO DO FOLCLORE BRASILEIRO

Abstract

As primeiras décadas do século XX favoreceram o empreendimento de determinadas práticas intelectuais, a exemplo da produção lexicográfica, visto que, tal contexto histórico caracterizou-se pela intensificação na produção de dicionários brasileiros, período que remete ao estabelecimento de certas condições institucionais como a fundação da Academia Brasileira de Letras (ABL) e de editoras que estimulavam a confecção de textos de caráter nacional, oportunizando a intensificação da circulação e produção desses escritos. Portanto, o momento era vantajoso para o desenvolvimento de pesquisas que abarcavam a criação de obras lexicográficas e proporcionavam debates acerca de uma identidade nacional, é nesse contexto que surge o Dicionário do Folclore Brasileiro, produzido por Luís da Câmara Cascudo. A princípio, tal obra foi publicada em 1954 por meio do Instituto Nacional do Livro (INL) e possibilita analisar as condições históricas de emergência do seu produtor como um intérprete do Brasil, a partir de um arquivo discursivo que instituiu um conjunto de imagens da cultura popular. Mobilizando problematizações acerca: a-) das políticas editoriais do INL a partir, por exemplo, da investigação em torno dos pareceres de publicações custeadas pelo órgão, proporcionando verificar possíveis inferências do instituto na execução do projeto lexicográfico, bem como observar os critérios aos quais as obras deveriam ser submetidas; b-) da convergência nos objetivos propostos pelos projetos do dicionário e da Enciclopédia Brasileira, proposta concebida por intelectuais vinculados ao INL, a exemplo de Mário de Andrade, Alarico da Silveira e outros “intelectuais do Estado Novo” (CARVALHO, 2012); c-) da idealização e confecção de planos que objetivavam o estudo, a propagação e preservação dos aspectos culturais nacionais a partir da correlação com o processo de redefinição e promoção dos conteúdos culturais durante o governo varguista.