O URBANISMO SOCIAL COMO ESTRATÉGIA POLÍTICA PARA A PREVENÇÃO DE VIOLÊNCIA

Abstract

Este trabalho é parte de uma pesquisa em andamento que pretende analisar, sob a ótica teórica do urbanismo social, os territórios de segregação e precarização que funcionam como alicerce para o fortalecimento de vulnerabilidades sociais e consequente consolidação de poderes ilegais do crime organizado. Seu objetivo principal é identificar as interfaces entre os territórios de segregação e vulnerabilidade social à violência e os processos urbanos de ampla dimensão que causam déficit habitacional, restrições de acesso à terra e à infraestrutura urbana, fragilidade ambiental, desigualdade, fragmentação socioespacial e concentração geográfica da pobreza. O estudo de caso recai sobre bairros periféricos da cidade Sobral/CE. No Brasil, o processo neoliberal de urbanização se fundamenta historicamente em meios excludentes de produção do espaço urbano, geralmente sendo fortemente marcado pelo vínculo da gestão urbana a interesses privados e pelo enfraquecimento do Estado de bem-estar social. Como método investigativo, adota-se instrumentos das análises morfológica e socioeconômica de modo a compreender os processos de expansão periférica, fragmentada, desigual e excludente. Nesse sentido, a violência urbana é analisada a partir de uma perspectiva sistêmica e multifatorial, uma vez que ela se reproduz com mais intensidade e gravidade em determinados recortes territoriais marcados por altos índices de vulnerabilidade social. Os resultados parciais da pesquisa apontam que o cenário urbano é contornado por dimensões e características variáveis da violência e é nas periferias urbanas que o fenômeno costuma se agravar de forma intensa e letal. Alguns aspectos da ocupação territorial como a informalidade urbana e a irregularidade fundiária apontam para os recortes do espaço urbano mais vulneráveis à letalidade da violência, a qual vitimiza populações majoritariamente marcadas por classe, gênero, raça e idade.