ÉROS, EPITHYMÍA E PSYKHÉ HUMANA NOS DIÁLOGOS PLATÔNICOS BANQUETE E REPÚBLICA
Abstract
Ao longo do Banquete, Platão elabora uma concepção antropológica que proclama o erotismo como uma dýnamis (Ban., 212b) originária da natureza humana, cujo poder perpassa diversas esferas e nos mobiliza em direção aos mais variados objetos. Essa concepção coaduna com as teses sobre o desejo desenvolvidas na República, na qual o filósofo afirma que cada um dos elementos constituintes da psykhé humana é impulsionado por um determinado tipo de desejo, próprio de sua natureza, justificando a teoria da alma tripartite e de suas motivações conflitantes. No decorrer do livro IV, o conceito de epithymía adquire a mesma amplitude semântica e variedade de objetos atribuídos a éros no Banquete, direcionando-se aos mais distintos campos de extensão, na qualidade de impulso primário de todas as ações humanas, que visam a realizar três gêneros específicos de satisfação, de acordo com cada um dos elementos da alma - concupiscível, irascível e racional. Através do relacionamento desses diálogos, pretendemos apresentar uma leitura unificada da teoria platônica de éros, na qual todas as formas de epithymía encontram-se sintetizadas, demonstrando como o desenvolvimento dessa concepção erótica ampliada nos fornece base para a defesa de um autoerotismo da alma humana. Com essa associação, torna-se claro que o desejo erótico não é meramente acidental, causal ou secundário, mas um componente primário da psykhé humana, do qual se originam todas as demandas particulares que mobilizam os diferentes elementos que compõem o homem. Por conseguinte, o amor não “surge” diante da visão da beleza do objeto amado, mas apenas redireciona-se para ele, uma vez que a alma já é nativamente detentora dessa força erótica primordial.Downloads
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Published
2022-01-01
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Section
XV Encontro de Pesquisa e Pós-Graduação
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