O CHISTE E O HUMOR ENTRE O ATAQUE E A DEFESA DO SEGREGADO

Abstract

O campo do cômico aparece na obra freudiana como um processo que produz ressonâncias no laço social. O chiste possibilita a expressão da sexualidade e da agressividade dentro dos moldes do que seria socialmente aceito, uma vez reconhecido e legitimado pelo riso do Outro. Já o humor torna o trágico risível, permitindo que o sujeito se afaste da dor incitada pela realidade e obtenha prazer da sua tragédia particular, outras vezes coletiva. O presente estudo se insere no campo das pesquisas qualitativas de caráter bibliográfico, em que se parte do corpo teórico da Psicanálise e da revisão dos seus conceitos para investigar os efeitos da inserção do cômico na problemática da segregação do outro, indagando sobre os lugares que são reservados e ocupados pelas figuras de alteridade (mulheres, pretos, LGBTQIAP+, nordestinos) no chiste, no cômico e no humor e suas implicações na lógica segregacionista. Até o presente momento, utilizando a estrutura triádica do chiste e os prováveis deslocamentos que se operam no seu interior, foi possível pensar os destinos reservados às figuras representativas da alteridade e os efeitos produzidos pela passagem do lugar de alvo - objeto passivo do gozo do outro - para o de produtor da piada - sujeito-humorista - e a importância do ouvinte para o sucesso ou fracasso da piada. A pesquisa, portanto, parte da premissa segundo a qual a Psicanálise pode auxiliar na compreensão da dinâmica de ataque e defesa dos segregados pela via da comicidade e nos desdobramentos sociais e políticos dos seus usos. A realização do trabalho tem o apoio financeiro da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES).