A POLÍTICA DA MONTAGEM DE ESFIR SHUB

Resumen

A presente pesquisa buscou investigar como o trabalho de montagem audiovisual com imagens de arquivo permite que se construa um novo olhar sobre determinadas imagens e histórias a partir de uma exploração narrativa baseada na retomada política dessas imagens. Para isso, escolheu-se observar o filme “A queda da dinastia Romanov” (1927), obra dirigida pela cineasta russa Esfir Shub que retoma variados materiais audiovisuais produzidos no período anterior à Revolução Russa de 1917. Shub seleciona imagens antes captadas para promover as narrativas de poder do czar Nicolau II e as ressignifica, concatenando-as com outras imagens que junto ao seu trabalho de montagem criticam a monarquia vigente fazendo-se valorizar o caráter revolucionário da luta comunista. Sendo assim, o objetivo dessa pesquisa é desvendar quais procedimentos narrativos específicos foram utilizados pela cineasta e que metodologias de montagem foram aplicadas, buscando-se entender se eles foram utilizados em outras obras e se tem ainda, no presente, potência para a produção de críticas outras. A metodologia escolhida se baseia na análise fílmica desta e outras obras que não perdem de vista o poder do cinema de ressignificar uma realidade e gerar outras em seu processo. Autores como Marc Ferro (1992), Jacques Le-Goff (1990) e Jean Louis-Comolli (2008) colaboram para o desenho teórico da pesquisa, de modo que ela se encerra apontando o papel do cinema de não só fazer pensar sobre o mundo, mas construir outras formas de interpretá-lo, ao passo em que indica que imagens captadas com determinado objetivo sempre podem ser revisitadas e abrir caminhos para outros olhares. É nesse processo que a montagem se coloca como etapa narrativa e ferramenta de elaboração fílmica, capaz de incorporar e promover significados políticos e sociais a partir da retomada de imagens de arquivo. Desse modo, se agradece à CAPES pelo apoio financeiro à esta pesquisa e se espera que ela abra caminhos para investigações futuras.