DA FLEXIBILIZAÇÃO AO HOME OFFICE: REORDENAMENTOS PRODUTIVOS E SUBJETIVOS EM JORNALISTAS E REDAÇÕES CEARENSES

Resumen

Este trabalho investiga como os reordenamentos produtivos mais recentes (a saber: os processos de integração e de adoção massiva do regime home office durante a pandemia de Covid-19) vivenciados pelas redações cearenses do Sistema Verdes Mares (SVM) e do Grupo O Povo de Comunicação (OP) afetaram tanto o habitus de classe (ou seja, os repertórios de práticas e condutas manifestos pelos(as) profissionais) quanto as imagens de si dos(as) jornalistas destes veículos. Para tanto, valemo-nos principalmente de contribuições teóricas de Bourdieu, Goffman e Han para o estudo do campo e dos agentes; e de Antunes, Harvey, Nonato e Fígaro para associar trabalho, capital e jornalismo. Caracterizamos esta pesquisa como um estudo de caso exploratório (Yin), produzido a partir de questionários, entrevistas e de princípios da netnografia (Hine). Uma das conclusões parciais de nossa pesquisa é a observação de que os reordenamentos se evidenciam não em uma, mas em diversas áreas: nas relações trabalhistas (mudanças contratuais, pejotização/freelance, perfil do(a) jornalista contratado(a), demissões em massa, redução de carga horária, suspensão de contratos), nas práticas produtivas (produção multiplataformas, mudanças na relação com o tempo, novo repertório de práticas e condutas em home office), na infraestrutura (reformas nas redações físicas, virtualização do ambiente de trabalho e transmutação da casa em escritório), nas interações (mudanças na interação com as fontes e com colegas de trabalho pós adoção de práticas multiplataformas e home office) e nas relações subjetivas/emocionais (mudanças comportamentais, de fachadas/apresentações de si, de sentimentos dos(as) trabalhadores(as) em relação: ao ofício jornalístico, ao próprio trabalho desempenhado, ao futuro do trabalho).