“FAZER DE MINHA ARTE NÃO SÓ ESPELHO, MAS TAMBÉM MARTELO”: O ARTIVISMO DE UMA TRAVESTI PRETA A PARTIR DOS VIDEOCLIPES DE LINN DA QUEBRADA

Autores/as

  • Ed Ney Borges Dias
  • Gabriela Frota Reinaldo

Resumen

Autonomeada travesti preta e artista multimídia, Linn da Quebrada produz na atualidade obras artísticas que denunciam opressões de um cistema – sistema cissexista (VERGUEIRO, 2015) – heteronormativo branco no Brasil, país que mais mata pessoas transgêneras no mundo, em números absolutos (TGEU, 2020). Para pessoas trans negras, esse cenário é ainda mais brutal, intensificado pelas vulnerabilidades socioeconômicas e pelas violências a que estão expostas no Brasil (ANTRA, 2020). Nesse contexto, surge Linn da Quebrada na última década juntamente com uma série de artivistas (artistas ativistas) de dissidências sexuais e de gênero (COLLING, 2018) que utilizam a arte para uma desconstrução de representações essencialistas (SANT’ANA, 2016). O objetivo desse trabalho é entender como a artista desmonta estereótipos com seus videoclipes. A metodologia é a da interseccionalidade, uma práxis e uma leitura social crítica atenta aos diferentes sistemas de opressão que se entrecruzam e atravessam as vivências diversas de mulheres racializadas (CRENSHAW, 2002; COLLINS, 2017). Em “blasFêmea | Mulher” (2017), Linn da Quebrada, codiretora do clipe, tece uma narrativa de reação de um coletivo de mulheridades diante da violência transfóbica racista urbana. Já em “Oração” (2019), clipe no qual Linn assina direção criativa e roteiro, é representada uma rede de afeto e resistência de travestis, transexuais e transgêneras, majoritariamente negras. Se obras artísticas podem ser lidas como produtoras de conhecimento (SANT’ANA, 2016), tais videoclipes podem ser entendidos como instrumentos de transformação micropolítica e de fortalecimento de saberes dissidentes. Nesse sentido, Linn da Quebrada defende que sua arte, para além de refletir a realidade como um espelho, tem a agência de um martelo, que estilhaça imagens cristalizadas e cria outras possibilidades imaginativas para grupos marginalizados. Esta pesquisa é fomentada por bolsa concedida por meio do Programa de Demanda Social da Capes.

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Publicado

2021-01-01

Número

Sección

XIII Encontro de Pesquisa e Pós-Graduação