MULHERES QUE CONTAM: HISTÓRIA E LITERATURA NO ROMANCE DE DINAH SILVEIRA DE QUEIROZ

Resumen

A despeito de seu nascedouro comum – a arte de contar – Literatura e História buscam, em sua função mais elementar, uma compreensão do mundo e dos homens. Nessa construção do passado e do presente elaborada pelo discurso histórico, a mulher figurou como simples coadjuvante, secundária nas decisões. Com a expansão de uma nova corrente metodológica, a Nova História, as definições acerca das versões oficiais dos fatos históricos passam a ser questionadas. Em paralelo, a Crítica Feminista se estabelece, também, como método de análise literária, propondo uma releitura da historiografia da literatura, edificada pela dicção masculina. Nas últimas décadas, muitas pesquisas acadêmicas, abraçando a causa da revisão do cânone literário, passaram a estudar a literatura produzida por mulheres desde o período colonial brasileiro até a contemporaneidade, resgatando centenas de autoras que foram completamente excluídas da crítica literária nacional. Seguindo essas perspectivas, propõe-se uma leitura comparada entre literatura e história a partir da ficção da escritora paulistana Dinah Silveira de Queiroz, discutindo limites e entrecruzamentos entre literatura, sociedade, memória, história e as relações de gênero que tecem a trama romanesca. Os romances analisados são Floradas na Serra (1939), A Muralha (1954), Os Invasores (1965), Verão dos Infiéis (1968) e Guida, Caríssima Guida (1981). Em todos eles, Dinah reescreve episódios da vida nacional dando à mulher o protagonismo dos fatos históricos, sejam eles o passado remoto ou os acontecimentos de seu tempo. Os estudos de historiadores, críticos literários, filósofos e sociólogos como Roger Chartier, Paul Ricoeur, Philippe Ariés, Jacques Le Goff, Michelle Perrot, Mary Del Priori, Peter Burke, Hélène Cixous, Alfredo Bosi, Antonio Candido, Cecil Albertini Zinani, Zahidé Muzart, entre outros embasaram essa pesquisa.