O SUJEITO ADOLESCENTE QUER DIZER O QUÊ?

Resumen

Este trabalho procura apresentar a adolescência na maneira em como ela é discutida e compreendida a partir de um viés psicanalítico. A questão básica é localizar e apresentar, à luz das contribuições de Freud e Lacan, o debate em torno da adolescência e da puberdade em psicanálise. Toma estes autores como fonte de análise a fim de apreender e problematizar vestígios de suas conceituações nos episódios em que se abordam a irrupção da puberdade, e deixa em suspenso suas encruzilhadas que levaram, algumas vezes, a mudanças teóricas referentes a este objeto. Dentro de uma sociedade que tem a juventude como ideal de imagem, o adolescente está imerso enquanto sujeito aí, vendado das dificuldades nessa passagem assinalada por Freud e, então, por Lacan, como complexa, com elaborações como o do luto dos pais da infância, do corpo infantil e o real do sexo. A entrada na adolescência é uma escolha do sujeito. É necessário apontar que Freud criou um método para investigar as questões da subjetividade humana e sua sexualidade sem apelar para um reducionismo biológico. Assim, Freud aponta que o caminho para as pesquisas psicanalíticas é o estudo da linguagem, com a técnica incidindo sobre uma fala que possibilite a escuta de algo do inconsciente, principalmente, levando a sério, à escuta, ali onde algo na linguagem falha, o sujeito. O corpo do qual trata a psicanálise é o corpo da linguagem que o dá à luz a partir de um recalcamente, processo de entrada na cultura de um sujeito que cose as zonas erógenas. O corpo e sua imagem só podem existir pelo recalcamento de si enquanto carne. Conclui-se que este corpo não percorre os rastros de um caminho linear de desenvolvimento e de formação de identidade durante a adolescência. Ele estará à mercê às marcas que ocorrerão na vida do sujeito, frutos da linguagem e do recalque, sem seguir apenas um padrão de maturação biológica.