RACISMO RECREATIVO: ENSINO DE SOCIOLOGIA COMO FERRAMENTA REFLEXIVA SOBRE PIADAS E BRINCADEIRAS RACISTAS NO AMBIENTE ESCOLAR.

Resumen

Este trabalho procura entender como as imagens racistas sobre os negros difundidas e naturalizadas pela sociedade adentram e se estruturam no universo escolar em forma de humor ou irreverência. Sabe-se que o humor, o riso e a irreverência são construtores naturalizados da população cearense. Desde cedo, aprende-se que cearenses têm uma veia cômica e contam piada sobre absolutamente tudo, pois existe o quê de sobrevivência no humor manifesto. Para solucionar um problema, conta-se uma piada, assim a partir do riso, o fardo fica mais leve. No entanto, a piada ou a brincadeira não é sempre descontraída, igualitária ou revolucionária. Por vezes a piada reitera o lugar de subalternidade de grupos, tornando-se uma forma de dominação que mascaram as hostilidades raciais, ao mesmo tempo que comprometem a reputação das pessoas negras, atacando-as em função do seu pertencimento. Sabe-se que o racismo é estrutural e está presente nas relações do cotidiano, inclusive na escola, por isso é necessário saber o significado das piadas e brincadeiras racistas, tanto para quem faz quanto para quem é alvo. Objetiva-se perceber como esses significados ganham aderência nas internalizações mentais e se esse ator social pode ter a intencionalidade, seja ela velada ou explícita de cometer racismo, ou se essa reprodução é inconsciente ou consciente. A partir dessa análise buscamos pensar em estratégias pedagógicas que permitam aos professores desenvolver aulas capazes de minimizar o racismo no ambiente escolar. Assim, o intuito último da pesquisa é construir um material didático, em forma de cartilha, que dê conta de: aa) discutir sobre o racismo recreativo nas aulas como também indicar formas de implementar ações no cotidiano escolar; b) discutir sobre o conceito de racismo recreativo no Ceará a partir do humor no Ceará e; c) trazer as contribuições da população negra na História e Cultura do Ceará. Vale salientar que o desenvolvimento dessa pesquisa é possível pelo financiamento da Capes.