ESTUDOS DE LITERATURA COMPARADA: AS PERSONAGENS INDÍGENAS EM AVES SIN NIDO E IRACEMA

Resumo

Aves sin nido foi escrita em 1889 pela autora peruana Clorinda Matto de Turner. Atualmente, a obra, além de ser a mais conhecida da autora, ainda gera muitas polêmicas, ademais de muitos críticos ainda tentarem enquadrá-la em escolas ou movimentos. A história ocorre no povoado indígena de Kíllac, onde um casal considerado branco, criollo, rico e de Lima, capital do Peru, vão morar. A trama é cheia de revelações chocantes, além de narrar através dos personagens, os abusos diários que os índios sofrem com aqueles que estão no poder da pequena cidade, a pobreza, falta de escolaridade e a grande marginalização de uma raça esquecida em uma sociedade preconceituosa e que nem meio século atrás era escravocrata. O projeto “ESTUDOS DE LITERATURA COMPARADA: as personagens indígenas em Aves sin nido e Iracema” debruçou-se sobre as duas obras citadas, com a orientação da professora Roseli Barros Cunha. Entretanto, em minha atuação como bolsista PIBIC/UFC concentrei-me em Aves sin nido e, em especial, na personagem indígena Marcela. Partimos de três perguntas iniciais: como é caracterizada/descrita a personagem indígena pelos narradores, por outras personagens e por si mesma? E nos baseamos nos seguintes referenciais teóricos: Cornejo Polar ([1992] 2005), Ferreira (2005), Sales (2006), Prieto (2006), Vargas Yábar (2013), Cunha (2018, 2019a, 2019b), Brait (1985) e Candido (1995). A partir desse estudo foi possível identificar os diferentes pontos de vistas pelos quais essas personagens são caracterizadas e descritas tanto por elas mesmas quanto pelas outras personagens e pelo narrador, e verificar que essa visão oscila entre as propostas dos movimentos Indianista e Indigenista vigentes na época; e, ainda, obter uma maior compreensão crítica sobre os indígenas e sua marginalização na sociedade peruana do século XIX.