PADRÕES CONSTRUCIONAIS DE FICAR NO PORTUGUÊS DO SÉCULO XX

Resumen

Esta pesquisa volta-se ao estudo das construções com FICAR, analisando a pluralidade de construções que existem e seus valores semântico-discursivos, como ficar em algum lugar, cujo valor é permanecer em determinado lugar; ficar + adjetivo, que indica mudança de estado; e ficar + com alguém, que modernamente significa relacionamento amoroso transitório. Para analisar a produtividade de cada padrão construcional e descrever suas características formais, semânticas e discursivas, toma-se como corpus cartas pessoais do século XX e do século XIX, escritas por brasileiros, selecionadas do Corpus Eletrônico de Documentos Históricos do Sertão. A seleção das cartas do acervo teve como parâmetro a extensão de cada carta para que o resultado total seja um número de palavras representativo para estudo do verbo, conforme recomenda a linguística de corpus (SARDINHA, 2000); os temas e os objetivos das cartas, de forma a entrarem apenas as de cunho pessoal, e as informações sociais disponíveis, de modo a limitar-se a cartas escritas por brasileiros e a equilibrar-se entre falantes cultos e incultos. Dessa análise, resultou um corpus de 49 cartas pessoais do século XX e 102 cartas do século XIX, totalizando 85.506 palavras. Feita a seleção das cartas em extensão .txt, usou-se o programa AntConc para recolha das ocorrências de construções com FICAR, em todas as formas verbais. O programa identificou 77 ocorrências do século XIX e 106, do século XX. A análise das ocorrências do século XX mostrou que o padrão mais produtivo no português do período é [SN V SP] com 31% das ocorrências. O sentido mais frequente do séc. XX foi o durativo, com 40,6% Esses resultados indicam que nesse início do século XX, o verbo FICAR ainda mantém seu significado original de permanência. Resta comparar com dados do século XIX para verificar se há algum indício de mudança de um para outro período, o que será feito no decorrer da pesquisa.