UMA INTERPRETAÇÃO GEOGRÁFICA DAS LUTAS DO CAMPO E AS MULTIDIMENSÕES TERRITORIAS QUILOMBOLAS NO CEARÁ

Resumen

Os quilombos rurais no Brasil surgiram no século XVI, como uma das formas de resistência às condições de vida e trabalho impostas no período colonial e imperial. Tem havido uma crescente onda de organização dos movimentos camponeses, seja pelo acirramento das disputas por terra, como também por necessidades em criar frentes amplas por seus objetivos e demandas. No período contemporâneo os quilombos rurais buscam cobrir os diferentes contextos da posse e uso das terras do campesinato negro no país. No Ceará, temos como exemplo desses movimentos: Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (MSTTR), vinculados a Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais da Agricultura no Estado do Ceará (FETRAECE); dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST); dos Atingidos por Barragens (MAB); dos Pequenos Agricultores (MPA); das Comunidades Quilombolas do Ceará (CERQUICE). Além desses movimentos destacamos as Comissões Pastorais da Terra (CPT) e dos Pescadores (CPP). Sendo assim, os debates sobre território, suas dimensões levam em conta as mais possíveis concepções de poder e como isso afeta a relação desses sujeitos com a terra. As comunidades Quilombolas tem suas especificidades, no sentido de, sua identidade está intrinsecamente ligada com as trajetórias de vida, suas resistências enquanto grupo e com seu território. Para isto, foram desenvolvidas dimensões de análise territorial para melhor aproximar o debate geográfico sobre território, partindo de demandas históricas das próprias comunidades, sendo elas: Formação, que tem haver como e em que condições o quilombo foi formado. Estrutura, que tanto está ligada a aspectos físicos como rios, plantações, sistemas produtivos, como também a organização social interna da comunidade. Além dessas duas dimensões, também existem identidade e resistência que estão ligadas às formas de ser e estar dentro do quilombo, onde cada uma vai construindo suas possibilidades.