A VOLTA DO BRASIL AO MAPA DA FOME

Resumo

O acesso à alimentação básica como condição para a sobrevivência da vida humana poderia ser algo simples de ser compreendido, porém essa não é a realidade atual no Brasil. Em 2021, tivemos acesso ao Inquérito Nacional de Insegurança Alimentar que demonstrou dados assustadores sobre a fome no País, até o final de 2020, 55,2% dos brasileiros viveram algum tipo de insegurança alimentar, isso representa um total de 116 milhões de pessoas e entre essas pessoas, os setores mais atingidos são as pessoas das regiões Norte e Nordeste do país, sendo as mulheres e pessoas pretas ou pardas o principal público afetado com a volta da fome. A partir da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA) existem quatro etapas para ir do estágio de Segurança Alimentar (SA) para o de Insegurança Alimentar (IA) grave, e entre essas etapas existe o cenário onde as pessoas não sabem que estão convivendo com a IA, pois no momento que um trabalhador assalariado troca alimentos ricos em proteínas como carnes por alimentados enlatados com alta presença de conservantes e elementos químicos prejudiciais à saúde, ele não se visualiza em um contexto de insegurança alimentar, pois o objetivo final, o de se alimentar, está sendo suprido independente de qual maneira seja. No livro “Quarto de Despejo: diário de uma favelada”, Carolina Maria de Jesus (1960) descreve a fome como “um soco no estômago” e “que dói muito”, quem passa fome “morre aos poucos”. O objetivo deste trabalho foi o de analisar e compreender como a volta da fome no país afetas às classes populares da cidade de Fortaleza, fazendo uso de entrevistas em profundidade e análise de Relatórios Institucionais, conclui-se que a fome passa a ser um problema político, social e econômico estrutural que contribui na miserabilidade da vida de pessoas pertencentes à classes populares, colocando-as num cenário à margem da sociedade, sem, no entanto, as excluírem socialmente, fazendo com que essa seja a realidade social dessas pessoas.