QUILOMBO DO CUMBE/ARACATI - CE: PRESENTE E PASSADO

Resumen

Muito tem se falado que no Ceará não tem negros. E se não teve negros e negras, também não teve escravizados e nem tão pouco quilombos ou comunidades remanescentes de quilombos. O Quilombo do Cumbe no município do Aracati, litoral leste do Ceará, foi certificado pela Fundação Cultural Palmares em dezembro de 2014. Com a certificação da comunidade, intensificaram-se os conflitos internos, processo de criminalização, violência e negação de direitos, além do aprofundamento do racismo institucional e da legitimidade do direito à terra e ao território de uso comunitário, colocando em dúvida a existência da comunidade quilombola. Minha intenção de pesquisa e investigação inicial é juntar os documentos, pesquisas e outros materiais que falam do Cumbe, para entendermos as opressões sofrida na atualidade por afirmarmos nossa identidade. Para a realização dessa pesquisa vamos utilizar a abordagem qualitativa, tendo como método a investigação bibliográfica, documental e a história oral num segundo momento. Procedimentos como esses são importantes para avançar com o nosso processo organizativo e luta política que realizamos há 25 anos, como também de realizarmos uma defesa qualificada sobre a presença negra no estado do Ceará. A quem interessa afirmar que o Cumbe não é um quilombo ou que nunca teve população escravizada nas gerações anteriores? Por que nós, quilombolas, quando vamos contar nossas histórias somos colocados a prova e/ou somos acusados de fraude? Nesta pesquisa, que ainda está em andamento, interessa-nos compreender os processos constitutivos da criação e da formação da comunidade no passado para entender as disputas existentes no presente.