REFLEXÕES METODOLÓGICAS PARA A ANÁLISE DE UNIVERSOS NARRATIVOS

Resumen

As narrativas midiáticas contemporâneas, atravessadas por interações entre conteúdos e suportes, produzem objetos de comunicação que desafiam classificações e métodos de análise tradicionais. Na era da convergência de mídias (JENKINS, 2009), franquias transmidiáticas combinam linguagens, meios e plataformas (SCOLARI, 2013). Criam-se, assim, narrativas vastas (HARRIGAN & WARDRIP-FRUIN, 2009) que abrigam inúmeros personagens e acontecimentos conectados em histórias duradouras em sequências de filmes, séries de TV, jogos, livros, histórias em quadrinhos e outros. Integrado à uma narrativa vasta, um filme, por exemplo, extrapola a experiência usual de cinema e se torna parte de uma rede complexa. Nessa configuração, a análise fílmica clássica não dá conta de analisar até as fronteiras borradas desse filme que não se encerra em si. A análise comparada de um filme em relação aos outros que compartilham a narrativa vasta também não nos parece suficiente para abarcar o que escapa aos nós da rede formada por um universo narrativo. Fios invisíveis unem as produções promovendo trânsito de informações entre as elas, por vezes excedendo seus próprios limites e se estendendo por outros textos que as orbitam. Temos então fenômenos contemporâneos que reclamam lentes de aumento ajustadas para suas particularidades quando a questão sobre eles recai sobre sua estrutura. Assumindo como ponto de partida a consciência de complexidade (MORIN, 2005) inerente a esses empreendimentos narrativos, investigamos a articulação de metodologias voltadas para os universos narrativos considerando tanto os nós quanto os fios de suas teias. Para tanto, articulamos diálogos entre as recentes pesquisas sobre ecossistemas narrativos (PESCATORE; INNOCENTI; BREMBILLA, 2014) com as formas de relações transtextuais pensadas por Gerard Genette (1989). O resultado é uma proposta de instrumental teórico voltado para esses objetos enquanto formas narrativas e produtos de comunicação.