LUGARES DE MEMÓRIA A PARTIR DE FOTOBIOGRAFIAS DO POÇO DA DRAGA

Resumo

Participar do Projeto Fotobiografias: uma Fortaleza que se encontra em acervos fotográficos pessoais, me possibilitou conhecer uma narrativa que até então não passava de teórica, a memória colocada em confronto. O Poço da Draga, comunidade que possui mais de 116 anos de história, surge em torno do primeiro porto de Fortaleza, local da velha Ponte, símbolo bastante afetivo da comunidade. Atualmente, a Ponte encontra-se em processo de tombamento como patrimônio pelo IPHAN, após uma tentativa frustrada de derrubá-la. Nosso objetivo é fazer pensar a situação do nosso patrimônio, tanto material como imaterial. Como um marco histórico de Fortaleza, um bem com mais de um século de história, símbolo de uma comunidade, poderia ir ao chão assim? Tal projeto, apenas evidencia o descaso com o patrimônio afetivo da cidade, e a forma como o poder público se omite de sua responsabilidade, uma vez que tal bem já deveria estar protegido a muitos anos, garantindo o acesso da população de forma segura. Quando evidenciamos Territórios de Memória, base teórica a partir do autor Michael Pollack, juntamente da questão de narrativas evidenciadas pela orientadora, podemos perceber a ligação entre o objeto e a população, no caso do Poço, devemos levar em conta a vivência populacional, uma vez que suas histórias estão intrinsecamente ligadas. Por meio, de entrevistas com a população, podemos perceber as fronteiras perpassadas pelo patrimônio, já que, ele atrai todos os públicos e os une, em torno de um mesmo lugar. É imprescindível que lugares como esse sejam preservados, não apenas pela memória, mas como símbolos de resistência frente aos avanços dessa política higienista, podendo perpassar os campos de pesquisas, chegando até a confrontar a forma como são feitas as políticas públicas, já que, tal ineficácia possa ser incorporada para fazer com que ocorra um desmonte dessas comunidades vistas como indesejadas pelo poder público.