A CRIAÇÃO DE CARACTERES FEMININOS EM TESMOFORIANTES, DE ARISTÓFANES

Abstract

Este trabalho compreende um recorte de pesquisa de Mestrado em desenvolvimento no Programa de Pós-graduação em Letras da UFC, cujo título provisório é Travestimento e Performance de Gênero em Aristófanes. A presente discussão visa à criação de caracteres femininos na comédia aristofânica, com especial enfoque na peça Tesmoforiantes, de 411 AEC. No prólogo desta comédia, tem-se um personagem masculino que será transformado em mulher, no palco, a partir de recursos cênicos do próprio teatro. Contudo, essa transformação não deve ocorrer apenas no nível da aparência: é preciso que ele aja e discurse como uma mulher. Há, portanto, um debate sobre gêneros - sociais e poéticos - necessário para o desenrolar do enredo cômico. Em consonância com a Poética, de Aristóteles, buscou-se estabelecer um diálogo entre o texto aristofânico e as proposições do filósofo grego, examinando, sobretudo, as categorias representação, verossimilhança, caracteres e necessidade elaboradas por ele. Recorreu-se, também, às narrativas míticas presentes em Hesíodo para exemplificar a tradição de um discurso sobre o feminino nessa literatura. Utilizou-se da tradução e os estudos de Pompeu (2015) em cotejo com a de Duarte (2005), para o texto de Aristófanes; a de Valente (2008) para Aristóteles; as traduções e estudos de Torrano (1998) e Moura (2012) para a obra hesiódica, bem como outros aportes teóricos. Como resultado, percebeu-se que Aristófanes antecipa discussões posteriormente retomadas por Aristóteles, e adiante uma reflexão sobre o fazer teatral a partir de uma narrativa metateatral. O comediógrafo distancia-se do filósofo ao resguardar os exageros inerentes ao gênero cômico, mas mantém a coerência entre suas personagens, ao passo que revela informações sobre como o feminino, a mulher, era percebido nessa sociedade sob a ótica masculina. Carece de agradecimentos à CAPES, agência de fomento que garante o desenvolvimento desta pesquisa por meio de bolsa.