AMORES PROIBIDOS: RAPTO DE MULHERES NA LITERATURA DE CORDEL (NORDESTE, 1900-1950)

Resumen

O rapto de mulheres foi uma prática relativamente comum no Nordeste do Brasil, tornando-se tema de diversos folhetos de cordel, na primeira metade do século XX. Como característica, na literatura de cordel, os raptos acontecem dentro de um enredo que se desdobra em uma trama romântica que envolve, além do casal, uma série de outras pessoas; a prática surge como uma alternativa para o casal, quando a relação amorosa é, por algum motivo, proibida pela família. O desenrolar dessas tramas costuma ser permeado por cenas de conflito, às vezes sangrentos, entre os homens envolvidos, culminando, quase sempre, na derrota do domínio paterno e na vitória da transgressão, movida pelo amor dito romântico. Partindo dessas características, analisamos as noções de amor, de gênero, de honra, de casamento e de família, presentes nessas narrativas; e problematizamos as diferenças sociais, étnico-raciais e de classe, que surgem como barreiras para o amor. Por buscarmos entender referida prática a partir da ficção, nossa principal fonte de pesquisa é a literatura de cordel. Quando possível, será estabelecido diálogo com outras fontes mapeadas, (jornais, peças de teatro, documentos eclesiásticos). O objetivo é, através dessa literatura, analisar as representações sociais em torno do rapto de mulheres, das relações amorosas frente à moral, às normas e aos valores vigentes. Buscamos perceber, também, como é narrada a participação das mulheres na elaboração de seus próprios raptos, e como são construídos os perfis masculinos nessas histórias. Os cordéis de rapto são representações da sociedade existente na época e, também, da sociedade idealizada por esses poetas, que buscavam manter viva a mulher ideal, o homem viril, a família como finalidade do casamento e a normatização do amor. Agradecemos a CAPES pelo financiamento desta pesquisa.