DESENVOLVIMENTO DE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E SEUS DESAFIOS ÉTICOS A PARTIR DOS OLHARES DE LUCIANO FLORIDI E NICK BOSTROM

Resumen

Este trabalho tem por objetivo apresentar e refletir acerca das diferenças entre o pensamento do filósofo Luciano Floridi (1964-) e do seu contemporâneo Nick Bostrom (1973-) no que toca aos perigos do desenvolvimento irrefletido de inteligências artificiais (IA). A inquietação de Floridi reside na aplicação inadequada de IA para a automatização de processos de forma a agravar problemas sociais. Em “Ethics, Governance, and Policies in Artificial Intelligence” (2021) o autor menciona como riscos: redução da privacidade de indivíduos; uso de IA para lavagem de dinheiro e roubo de identidade. Bostrom, por sua vez, dedica a maior parte de sua obra “Superinteligência” (2018) à projeção de um futuro possível onde uma IA supera nossas capacidades cognitivas e é dotada de vontade; precedendo a nossa perda de controle sobre ela. Este seria o mais grave risco existencial para a humanidade. Essa preocupação com a superinteligência é encarada com ceticismo por Floridi que, na obra “Etica dell’Intelligenza Artificiale” (2022), rejeita uma visão cognitiva de IA e abraça uma visão de engenharia; isto é, ele afirma que a IA teria uma forma de agir que não precisa ser inteligente para ter sucesso. A diferença ontológica da IA de Floridi em relação a de Bostrom é o que fundamenta a crença do primeiro de que a preocupação com um possível futuro de superinteligências é insensata. Essa pesquisa é qualitativa e o material utilizado é bibliográfico. Ela se justifica na medida em que o impacto social desse tipo de tecnologia cresce exponencialmente. A conclusão deste trabalho é que apesar da rejeição de Floridi às preocupações de Bostrom, há valor nas investigações deste último, visto que o cenário de superinteligência não é impossível e precisaremos estar munidos de estudos aprofundados para tomar as melhores decisões caso esse cenário venha a se concretizar.