A NARRAÇÃO AUTOBIOGRÁFICA COMO FORMA DE VIDA: UM ESTUDO DOS DIÁRIOS DE CAROLINA MARIA DE JESUS E MAURA LOPES CANÇADO

Abstract

Neste pôster apresentamos a pesquisa de mestrado "A narração autobiográfica como forma de vida: um estudo dos diários de Carolina Maria de Jesus e Maura Lopes Cançado", desenvolvida sob a orientação do Prof. Dr. Aluísio Lima. Com ela, objetivamos compreender como as narrativas autobiográficas se manifestam enquanto um conjunto de práticas sociais interligadas, ou seja, enquanto forma de vida, bem como espaço para expressão de sentimentos de injustiça decorrentes do cenário de desigualdade social de nosso país. Enquanto uma pesquisa de natureza qualitativa, empreendemos uma análise crítica de conceitos psicológicos, sociológicos e filosóficos por meio de uma revisão bibliográfica fundamentada em obras da teoria crítica da sociedade e dos estudos de gênero brasileiros, também realizamos uma análise de narrativas a partir dos escritos em primeira pessoa das autoras elencadas. Nessa produção, as obras de Walter Benjamin, Theodor Adorno, Axel Honneth, Rahel Jaeggi, Lélia Gonzalez e Sueli Carneiro são de relevância central. Nos diários de Carolina Maria e Maura Lopes, escritos principalmente na década de 1960, encontramos nuances da intersecção entre as questões de gênero, raça, classe e saúde mental que afetam a existência da mulher em um contexto terceiro-mundista, bem como reflexões sobre o lugar da escrita que ocupam nesse cenário. A partir disso, podemos debater aspectos como reconhecimento, invisibilização e crítica social tendo como fundamento o estatuto da narração nos relatos autobiográficos. Desta feita, na linha que se estende entre os sentimentos de injustiça e a ação ativa acreditamos que há expressões, em primeira pessoa, de mulheres que reinventam a gramática da opressão ao colocar à prova a existência e a realidade em sua narrativa, manifestada enquanto uma forma de vida. Agradecemos à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo fomento desta pesquisa.