A OMISSÃO COMO SINTOMA DA COLONIALIDADE DO PODER PRESENTE NO CONTO “WARMA KUYAY”, DE ARGUEDAS.
Resumo
O presente trabalho realiza uma leitura do conto “Warma kuyay”, de José -María Arguedas (1911-1969), a partir da ênfase na omissão dos personagens Kutu e Ernesto frente ao abuso que Don Froylan causa em Justina. A primeira obra do autor peruano, embora considerada constituinte do indigenismo literário peruano tradicional – caracterizado especialmente pela defesa da cultura indígena a partir do destaque à violência decorrente da subserviência dos indígenas em relação aos latifundiários –, contrariamente, enfatiza mais as ressonâncias desses atos cruéis, como afirma Manuel Alcides Jofré (2006) ao explorar o amor, o ódio e a marginalidade no conto. A presente pesquisa segue esta esteira de pensamento ao aproximar a omissão dos personagens Kutu e Ernesto em relação ao abuso sofrido por Justina como resposta à colonialidade do poder, termo forjado por Aníbal Quijano (1992) para descrever o caráter central de poder, que iniciou com o colonialismo e sobrevive na forma de poder social por conta da permanência de critérios originados desde a relação colonial. Dentro dessa lógica, questões de raça, patriarcado e gênero, presentes de forma potente na obra, configuram como componentes essenciais da permanência da colonialidade. Para ajudar a desvendar essa hipótese, conta-se com o aporte especialmente de Aimée Césaire (1950), Lélia González (2018), Saffioti (2004), Cornejo Polar (1973; 2005) e Jofré (2006). Por fim, percebe-se que o estupro, embora não descrito, em contraponto, foi verbalizado nas respostas de Ernesto e sobretudo Kutu, este que potencialmente poderia vingar a violação da jovem. Essa omissão é, contraditoriamente, ação sintomática da colonialidade do poder, termo que se referir às estratégias de poder para tentar naturalizar uma “superioridade”.Downloads
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Publicado
2021-01-01
Edição
Seção
XIII Encontro de Pesquisa e Pós-Graduação
Licença
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