LEVANTAMENTO QUALI-QUANTITATIVO DE MICROPLÁSTICOS EM ÁGUAS SUPERFICIAIS NA PLATAFORMA CONTINENTAL INTERNA DE FORTALEZA COMO FERRAMENTA PARA UM PLANEJAMENTO DA GESTÃO COSTEIRA DA REGIÃO METROPOLITANA DE FORTALEZA/CE.

Resumo

Microplásticos (MPs) são resíduos plásticos com tamanho entre 5mm e 1um que, desde o início do século XX, tem gerado uma grande preocupação ambiental devido à sua ameaça à vida de animais marinhos. Ainda não existem estudos a respeito da quantidade de microplásticos na Plataforma Continental de Fortaleza (PCF), entretanto, sabe-se que essa área recebe de forma indireta e direta esgotos domésticos, industriais e águas de drenagem urbana e pluviais, que deságuam podem carrear partículas plásticas. O objetivo da pesquisa é realizar um levantamento quali-quantitativo de MPs nas águas superficiais da área que compreende a Orla da Barra, a desembocadura do emissário submarino de Fortaleza, a desembocadura do Rio Cocó e do Riacho Maceió, e os pontos de drenagem urbana. Foi realizada uma campanha oceanográfica no mês de janeiro de 2020 utilizando rede de plâncton de 300µm, seguindo a técnica analítica descrita pela (NOAA/EUA). Os resultados mostraram que, em praticamente todos os pontos amostrados, foram encontrados MPs, sendo totalizado 2324 em todas as áreas amostradas, sobressaindo o emissário submarino e o Riacho maceió com 65% de todo o MP encontrado na PCF. A abundância total de MPs foi de 50,33 itens/m 3. Em praticamente todas as amostras, havia presença de MPs na forma de filamento e de fragmento. Em todas as amostras, a quantidade de partículas filamentosas apresentou-se em maior número em comparação à de fragmentos. Além disso, as partículas de coloração azul se sobressaíram em relação às demais cores. Estes fatos sugerem a estreita relação com áreas costeiras, que são afetadas pela fragmentação de redes de pesca e despejo de partículas advindas da lavagem de tecidos sintéticos, provenientes de esgoto sanitário. MPs azuis podem representar um perigo para a biota por serem facilmente confundidos como alimento. Maiores quantidades e abundâncias de MP encontradas na área do emissário e do Riacho Maceió provavelmente se devem pela grande descarga de poluentes na área.