SABERES DOS POVOS ORIGINÁRIOS: O PROTAGONISMO DA VELHICE NA RESISTÊNCIA E LUTA INDÍGENA.

Resumo

Os discursos sobre a população idosa durante a Pandemia da Covid-19, ratificam o que já era percebido antes desse período: a visão da figura do velho a partir de um caráter biologicista, apontando para uma fragilidade, dependência, doença e morte. O CID-11 colabora com essa ideia ao afirmar o processo de envelhecimento como doença. Contudo, os estudos de Simone Beauvoir e Guita Debert já orientam sobre os discursos na sociedade a respeito do olhar sobre o envelhecimento, pontuando que a velhice não é universal, não é homogênea, e apresenta diferentes modos em diferentes culturas. Assim, esse estudo objetiva partir da compreensão da velhice para as populações indígenas, ressaltando o protagonismo do idoso na luta e resistência da cultura e história de seu povo. Para elaboração desse material foram analisadas teses, dissertações e pesquisas sobre os povos Pitaguary, Tapeba e Tremembé, buscando as categorias envelhecimento, cultura, identidade, território e ancestralidade. Compreende-se que os modos de envelhecer dos povos originários precisam ser compreendidos em sua heterogeneidade. Contudo, há semelhanças entre as formas pelas quais os diversos povos no Ceará significam a travessia da vida, bem como o processo de envelhecimento. Os resultados obtidos demonstram o velho como “arquivo vivo” da comunidade, possuindo conhecimentos sobre a Mãe-Natureza e sobre a organização social e cultura do seu povo. Assim, sua figura é de fundamental na resistência cultural, a partir da transmissão dos saberes, em especial, pela oralidade e em uma troca intergeracional. Conclui-se a importância da contribuição dos diversos saberes dos povos originários para ciências (Psicologia), desmistificando uma perspectiva biomédica sobre o envelhecimento, e compreendendo esse processo em sua pluralidade.