A DIÁSPORA CONGO-ANGOLANA E MOÇAMBICANA NOS SERTÕES DO CEARÁ.

Resumo

A diáspora africana relaciona-se à dispersão populacional de suas matrizes culturais, religiosas e tecnológicas. A condição afro-diaspórica foi um movimento migratório ocorrido de forma violenta e autoritária no comércio Brasil-África. O objetivo do trabalho é refletir sobre a diáspora africana na ocupação dos sertões do Ceará. Para tanto, destaca-se as províncias envolvidas no comércio de escravizados. Em seguida, aponta-se os ciclos de escravização africana revelando algumas origens dos povos africanos que chegaram nas províncias brasileiras. Em se tratando da diáspora africana no Ceará, os estudos de Riedel (1988), Funes (2002) e Silva (2011), Verger (1987), Sanzio (2011; 2013) e Gomes (2019) revelam que as rotas da escravização no comércio transatlântico tinham origens diversas, a exemplo disso: no século XVI a rota da Alta e Baixa Guiné; nos séculos XVII e XVIII as rotas da Costa de Angola e a Costa da Mina; no século XIX as rotas da Costa Angola, de Moçambique e ainda da Baía do Benim. Foram cerca de 10 milhões de escravizados transportados ao Brasil nestes quatro séculos. No Ceará, as correntes de povoamento baiana, pernambucana e maranhense indicam alguns caminhos percorridos pelos povos africanos e seus descendentes rumo aos sertões cearenses. Dos principais grupos étnicos africanos temos registros daqueles de origem Bantu (Congo e Angola) e Makua (Moçambique) espalhados pelas vilas coloniais cearenses. Os registros da dispersão africana cearense datam de 1618 e 1649 vindos de Pernambuco e do Maranhão; e de 1756 com 69 africanos de origem angolana que adentraram ao território. A ancestralidade africana entendida nesses deslocamentos, possibilita a conexão com as diversas culturas, línguas e religiões transplantadas para o Ceará.