A INVISIBILIZAÇÃO AFROCEARENSE NO ENSINO DE HISTÓRIA DO CEARÁ E OS IMPACTOS IDENTITÁRIOS SOBRE A NEGRITUDE CEARENSE

Resumo

A “crise” identitária e o silenciamento sobre a negritude cearense foi possível porque foram criadas e difundidas ideias para tais práticas, e estas tornaram-se fundamentais para constituir ou justificar um racismo estrutural. A efetivação de um ensino de História envolto de conteúdos, práticas pedagógicas e da sedimentação de uma narrativa hegemônica, promoveu um olhar narcisístico sobre a branquitude e trouxe invisibilização e afastamento sobre uma autopercepção identitária negra que levasse em conta a negritude local e toda a sua gama de influencias étnico culturais. O trabalho objetiva refletir sobre os impactos de uma representação que, quando não invisibilizou, desqualificou a função social do negro tanto quanto o estigmatizou, associando-o à escravidão, a subserviência e a incapacidade intelectual quase como uma relação intrínseca. A pesquisa se desenvolve a partir de revisão bibliográfica em torno de autores e autoras que trataram de temas como: identidade negra, ensino de história e educação para as relações étnico raciais e do debate sobre a estruturação de um racismo local que atravessou todos esses pontos, produzindo em seu seio o ordenamento de uma segregação racial e uma espécie de inferioridade natural relegada a pessoas negras. Caminhar nessa direção é poder concluir e constatar a existência de um histórico aparato ideológico constituído em torno de paradigmas ocidentais de como o afastamento da negritude foi se naturalizando em nossas salas de aulas, na medida que durante décadas o ensino de História não propôs práticas para além dos reducionismos e limitações postas pela branquitude, pensadas e executadas para manter os espaços de poder, prestígio e dinheiro nas sociedades que foram colonizadas pelos europeus nas experiências chamadas modernas, como é o caso do Brasil.