Malformação Arteriovenosa Parietal: Relato de Caso

Resumo

INTRODUÇÃO: Malformação arteriovenosa (MAV) é um agregado de vasos - arteriais e venosos - que se conectam entre si formando fístulas. É apresentado um caso raro de MAV parietal com padrão de aferência arterial incomum, realizada por um único grupo arterial. APRESENTAÇÃO DO CASO: Sexo feminino, 12 anos, admitida com cefaleia grave e história de hemorragia intraparenquimatosa (HIP) parietal esquerda há aproximadamente três meses. O exame de tomografia computadorizada revelou nova HIP parietal esquerda, sem efeito de massa. Também foi realizada angiografia por ressonância magnética, que confirmou a HIP e evidenciou uma malformação intracerebral profunda. Foi constatada na arteriografia cerebral uma MAV alimentada por ramos da artéria cerebral posterior, com via de drenagem para o seio sagital superior (SSS). Finalmente, foi classificada em MAV grau 3 na classificação de Spetzler-Martin, sendo feita embolização endovascular. Não houve complicações cirúrgicas. DISCUSSÃO: MAVs são clinicamente silenciosas até o início dos sintomas. Podem estar presentes cefaleia, convulsões, perda sensorial e déficit neurológico focal. Os achados de imagem confirmam o diagnóstico e caracterizam a MAV. Neste caso, a angiografia revelou malformação no lobo parietal, alimentada apenas pelo grupo cerebral posterior, enquanto é mais comum uma irrigação proveniente de mais de um grupo e pelos grupos anterior e silviano. A rota de drenagem conduz ao SSS, mais observada do que a drenagem profunda. A hemorragia é a principal complicação do caso. A grande maioria das MAVs que sangram precisam de intervenção cirúrgica ou embolização, e o procedimento de ligadura da região do nidus foi fundamental para estancar e prevenir sangramentos futuros. CONCLUSÃO: A singularidade do caso é analisada em relação à própria condição, uma rara MAV parietal, e à complicação provocada, uma HIP grave. Embora rara, é importante estar ciente e compreender esta condição e seu manejo adequado.