OS USOS E ABUSOS DO PLURALISMO JURÍDICO

UMA VISÃO CRÍTICA

Autores

Resumo

Esse texto se volta para como os debates contemporâneos acerca do pluralismo jurídico afetam nossa visão do passado, bem como limitam o horizonte de possibilidades no futuro. Sugere-se que a genealogia desses debates determina o que seria visto, e o que seria ignorado, e, como um resultado, privilegiou alguns aspectos, enquanto esqueceu a importância de outros. Mais importante ainda, esses debates sustentaram a existência de uma continuidade importante entre um passado que se dizia ter sido plural e um presente, o qual procura tornar-se plural. No entanto, apesar de a pluralidade ter existido no passado, a natureza e o caráter do que era plural eram radicalmente distintos. No passado, havia uma pluralidade de fontes, autoridades e atores, mas todos estavam ligados ao mesmo direito. No presente, o desejo é criar uma pluralidade de direitos que muitas vezes se apliquem aos mesmos atores. Embora a pluralidade atual privilegie os direitos das comunidades étnicas, esse não foi o caso no passado. E, se a pluralidade atual questiona o monopólio que os estados têm (ou poderiam ter) sobre a ordem normativa, o pluralismo do passado não se preocupou com essas questões porque os estados como os pensamos hoje não existiam, nem os governantes nem as autoridades fingiam controlar a ordem jurídica. Libertar o pluralismo jurídico da sua falsa dependência do passado é importante porque nos permite que nos concentremos no que ele pode fazer por nós no presente e no futuro.

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Biografia do Autor

Gustavo César Machado Cabral, Universidade Federal do Ceará

Professor Adjunto da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará (UFC), da qual é Diretor (2023-2027). Pesquisador do CNPq (Pq-2). Doutor em História do Direito pela Universidade de São Paulo (USP). Pós-Doutorado pelo Max-Planck Institut für die europäische Rechtsgeschichte. Foi pesquisador associado ao Max-Planck Institut für die europäische Rechtsgeschichte (Alemanha), professor e pesquisador visitante na Universidade de Maastricht (Holanda), Universidade Autônoma de Madrid (Espanha), Universidade Nova de Lisboa (Portugal) e Brown University (EUA).

Tamar Herzog, Harvard University

Monroe Gutman Professor of Latin American Affairs na Harvard University. 

Joana Aymée Nogueira de Freitas, Universidade Federal do Ceará

Graduada e Mestranda em Direito pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Pesquisadora do Núcleo de Estudos sobre o Direito na América Portuguesa (NEDAP).

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Publicado

2025-06-09

Como Citar

Machado Cabral, G. C., Herzog, T., & Nogueira de Freitas, J. A. (2025). OS USOS E ABUSOS DO PLURALISMO JURÍDICO: UMA VISÃO CRÍTICA. Nomos: Revista Do Programa De Pós-Graduação Em Direito Da UFC, 44(2), 41–58. Recuperado de https://periodicos.ufc.br/nomos/article/view/92854

Edição

Seção

Artigos