Visibilidade e Escrita de Si nos Riscos do Pixo Paulistano

Autores

  • Alexandre Barbosa Pereira

DOI:

https://doi.org/10.36517/rcs.v47i1.5679

Palavras-chave:

Pixação, Visibilidade, Risco, Reconhecimento, Espaço Urbano

Resumo

O objetivo deste artigo é, por meio de uma abordagem etnográfica, descrever uma prática cultural juvenil em São Paulo, a pixação, que há tempos explora o paradoxo entre visibilidade e invisibilidade através de sua ação na paisagem urbana. Em meio ao anonimato da metrópole e tentando invisibilizar-se à noite, os pixadores deixam suas marcas, que não são bem-vistas pelo restante da população. Por intermédio da criação de uma rede social off-line, eles estabelecem um dispositivo que lhes proporciona um sistema de reconhecimento que premeia quem pixa nos lugares de maior destaque e risco da cidade. Dessa
forma, conclui-se que quem marca mais a cidade e nela corre mais riscos consegue o reconhecimento dos pares, o que eles denominam como ibope. Afinal, no mundo atual, todos querem ver e serem vistos, buscando, assim, com essa visibilidade, serem reconhecidos e construir algum sentido para a sua existência.

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Biografia do Autor

Alexandre Barbosa Pereira

Doutor em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo (USP).
Professor Adjunto da Universidade Federal de São Paulo – Campus Baixada Santista. Pesquisador associado ao Núcleo de Antropologia Urbana da USP e ao Grupo de Pesquisas Visuais e Urbanas da Universidade Federal de São
Paulo (Unifesp).

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Publicado

27-10-2016

Como Citar

Barbosa Pereira, A. (2016). Visibilidade e Escrita de Si nos Riscos do Pixo Paulistano. Revista De Ciências Sociais, 47(1), 77–100. https://doi.org/10.36517/rcs.v47i1.5679