As perspectivas onto-epistemológica e ético-antropológica da dualidade corpo/alma no Fédon, de Platão
Palavras-chave:
Alma. Corpo. Dualidade. Anamnese.Resumo
O presente artigo trata-se de uma análise da relação corpo/alma no diálogo Fédon, de Platão, a partir de duas perspectivas: a onto-epistemológica e a ético-antropológica. O sentido ético culpa o corpo em tendenciar o homem às paixões (66bss), em contrapartida com a alma que o leva à prática das virtudes (68-69) e à atividade filosófica; a onto-epistemológica parte da relação que Platão estabelece, por um lado, entre corpo e a percepção-sensível (aísthêsis) e, por outro, a alma e a aquisição do saber (epistême), de forma mais minuciosa, entre o corpo e os sensíveis e a alma com as Formas inteligíveis. Dizer que Platão despreza o corpo em detrimento da alma refletiria na afirmação de que ele despreza a senso-percepção em detrimento da aquisição do saber. Inúmeros comentadores e diversos compêndios têm se inspirado no Fédon e na República para defender esse desprezo, que Platão, segundo eles, manifesta pelas sensações. Todavia, tal tese vem causar um grande problema no entendimento de toda a obra platônica, visto que no Teeteto (152d) Platão identifica o corpo, na sua função sensoperceptiva, com o saber, dando a esse, nesta busca, uma participação muito relevante. O sentido dualista radical, esse desprezo pelo corpo e pela sensação atribuído a Platão, que pode ser entendido na leitura do Fédon é resolvido no próprio diálogo, a partir dos argumentos da reminiscência e da Teoria das Formas, que enlaça o sensível ao inteligível.
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