Questões de gênero na arena da educação e as pautas de torsão e refutação
Palavras-chave:
Gênero. Educação. Escola. Formação humana. Disputas.Resumo
O presente artigo objetiva pensar as questões de gênero no campo da educação brasileira, compreendida como arena onde são disputadas duas perspectivas sobre gênero. Na primeira entende-se o gênero como torção, pois este é pensado em contraposição à noção instituída historicamente, colocado como problema para o pensamento e apreendido como possibilidade forjada na cultura e nas relações de saber-poder. A segunda se refere à questão de gênero como refutação à torção, nega-o como artefato da cultura e assenta-o como dimensão biológica e naturalista na composição do sexo e da sexualidade na qual sexo biológico, sexualidade e gênero coincidem. Nesta perspectiva as questões de gênero são tomadas como uma ideologia, e enquanto tal, deve ser negada, silenciada, refutada. As duas perspectivas, no tempo presente brasileiro, instituem um cenário de debates e disputas acerca de processos de constituição do sujeito estudante e do governo das suas condutas sexuais, sociais e políticas. As reflexões sobre tais questões são fundamentadas teoricamente no pensamento de Michel Foucault e Judith Butler, com ancoragem nas noções “constituição do sujeito”, “governamentalidade”, “discurso” e “performatividade”.
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