O labirinto imaginário: trilhas filosóficas numa caminhada bachelardiana

Autores

DOI:

https://doi.org/10.36517/Argumentos.28.1

Palavras-chave:

Mito. Arquétipo. Herói.

Resumo

O presente trabalho se destina a tratar a relação entre o imaginário e a genealogia mitológica do labirinto. É a partir do tratamento das ideias da tragédia e da epopéia de Aristóteles n’A poética e da análise do labirinto no cotejo de Além do Bem e do Mal de Nietzsche, bem como de A lógica do Sentido, Mil Platos volume 5 de Deleuze que chegaremos ao labirinto em A terra e os devaneio do repouso de Bachelard no qual iremos desdobrar aspectos imaginários dessa estrutura da natureza e da linguagem. A idéia do labirinto parte de um lócus que seja ao mesmo tempo a prisão e a libertação, desdobrando-se num paradoxo mitológico-arquitetônico tal qual proposto por Dédalo. Nesse sentido, nos valemos da análise de que todo labirinto tem uma dimensão do inconsciente que se desdobra sobre a maneira como nós enxergamos a realidade e praticamos a própria filosofia. Sendo assim, elevando e universalizando a história de Teseu e o Minotauro podemos dizer que esta se desvela como um arquétipo de uma experiência ancestral, de uma iniciação à maneira como o ser humano encontra a si mesmo perante os seus medos ou monstros internos. Deriva daí a relação da arquitetura justamente com a Hybris enquanto obstáculos epistemológicos ou mesmo físicos das construções humanas, ou seja, de como o tempo, clima, a natureza enfrenta e confronta a maneira do ser humano construir o seu habitar ontológico na terra. Esperamos assim trazer como resultados um espelhamento funcionalista da consciência humana como imagem que vai do labirinto dos calabouços da emoção até as torres do castelo imaginário da razão.

Biografia do Autor

Gabriel Kafure da Rocha, Instituto Federal do Sertão Pernambucano

Doutor em Filosofia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Professor efetivo do Instituto Federal do Sertão Pernambucano em Petrolina - PE, Campus Zona Rural. Docente efetivo dos PPGs ProfEPT IFSertãoPE e CMAF-UECE. Possui graduação em Filosofia (Licenciatura e Bacharelado) pela Universidade Federal de Pernambuco (2009). Especialização em Metodologia do Ensino Superior na UFMA (2012), Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Ética e Epistemologia da UFPI (2015). Tem experiência na área de Ética, Estética, Ontologia e Epistemologia com ênfase em questões que vão do existencialismo de Kierkegaard até ao estudo do Espaço em Bachelard e Heidegger. Atualmente está em estágio pós doutoral na UNIOESTE pesquisando os imaginários e as estéticas trans andróginas na educação.

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Publicado

2022-07-01

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Artigos