Politeísmo como libertação da natureza
DOI:
https://doi.org/10.36517/Argumentos.31.16Palavras-chave:
Ciência. Natureza. Poder. Politeísmo. Ecologia.Resumo
Caracterizo inicialmente o que considero ser um consenso crescente no que diz respeito às relações entre a ciência e a natureza. Esse consenso contraria a definição da atividade científica como um dispositivo de instrumentalização do mundo natural – algo que ele é, desde o seu nascimento. Em seguida, critico a noção hegeliana de que a ciência estaria dotada de uma política igualitária frente à natureza. Finalmente, traço as linhas gerais do que poderia vir a ser uma autêntica política desse tipo: somente possível dentro de um conjunto de crenças politeístas. Nesse ambiente estariam estabelecidas as condições para a desobjetivação da natureza e a desubjetivação do sujeito – processos sem os quais as relações permaneceriam definidas em uma estrutura hierárquica. A partir dessa alteração, se poderiam promover relações mais igualitárias entre os seres humanos e a natureza: base para a sustentação de uma forma de vida realmente ecológica. Isso permitiria superar o mecanismo escravista da ciência moderna cujas engrenagens tomam impulso a partir do empobrecimento espiritual da natureza.
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