O assassino burocrata (desk murderer) e o homem subalterno: reflexões a partir do ensaio “Auschwitz em julgamento”
DOI:
https://doi.org/10.36517/Argumentos.31.12Palavras-chave:
Burocracia. Hannah Arendt. Assassino burocrata. Homem Subalterno. Bernd Naumann. Auschwitz.Resumo
As reflexões arendtianas sobre as reverberações da forma burocrática de governar ensejam duas trajetórias argumentativas distintas e, sobretudo, complementares: 1) a sua investigação como forma de dominação oriunda do imperialismo e posteriormente utilizada como o modelo de organização totalitária e dos países pós-1945; 2) o papel dos burocratas. Ambas auxiliam a compreender por que a burocracia não apenas sobreviveu à queda dos regimes totalitários, como permaneceu sendo o modelo organizacional das nações. Na interseção dessas leituras, o ensaio “Auschwitz em julgamento” apresenta dois tipos de partícipes do aparato burocrático nazista: os assassinos burocratas (desk murderes) e os homens subalternos. Em comum entre eles havia a ausência de responsabilidade pelos crimes perpetrados pelo regime e a irreflexão; porém, seu grau de participação na hierarquia e sua punibilidade nos julgamentos do pós-guerra diferiram sobremaneira. Nesses termos, o presente artigo objetiva analisar as semelhanças e diferenças existentes entre os homens subalternos e os assassinos burocratas. Para tanto, parte-se do pressuposto que compreendê-los auxilia a entender a burocracia como forma de governo que inviabiliza a liberdade pública e o livre exercício das atividades espirituais.
Referências
ARENDT, H. Eichmann em Jerusalém. Um relato sobre a banalidade do mal. Tradução de José Rubens Siqueira. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.
ARENDT, H. Entre o passado e o futuro. Tradução de Mauro W. Barbosa. São Paulo: Perspectivas, 2016.
ARENDT, H. Origens do totalitarismo. Anti-semitismo, Imperialismo, Totalitarismo. Tradução de Roberto Raposo. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.
ARENDT, H. Pensar sem corrimão. Compreender 1953-1975. Tradução de Beatriz Andreiuolo et. al. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2021.
ARENDT, H. Responsabilidade e julgamento. Tradução Rosaura Eichenberg. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
BROWNING, C. R. Ordinary men. Reserve Police Battalion 101 and the Final Solution in Poland. London: Penguin Books, 2001.
CESARANI, D. Becoming Eichmann. Rethinking the life, crimes and trial of a Desk Murderer. Boston: Da Capo Press, 2004.
LEVI, P. Os afogados e os sobreviventes. Os delitos, os castigos, as penas, as impunidades. Tradução de Luiz Sergio Henriques. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2004.
MERLE, R. A morte é meu ofício. Tradução de Arnaldo Bloch. São Paulo: Vestígio, 2022.
NAUMANN, B. Auschwitz. A report on the proceedings against Robert Karl Mulka and others before the court at Frankfurt by Bernd Naumann. Introduction by Hannah Arendt. London: The Pall Mall Press Limited, 1966.
ROCHA, L. Burocracia. In: AGUIAR, O. A.; CORREIA, A.; MÜLLER, M. C.; VARELA, G. (Orgs.). Dicionário Arendt. São Paulo: Edições 70, 2022.
ROUSSET, D. O universo concentracionário. Tradução de Tiago Proença. Lisboa: Antígona, 2016.
WITTMANN, R. E. Holocaust on trial? The Frankfurt Auschwitz trial 1963-1965 in historical perspective. 2001. Thesis (Doctoral in Philosophy) – University of Toronto, 2001.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos (SOBRE COPYRIGHT E POLÍTICA DE ACESSO LIVRE):
1. Autores mantém OS DIREITOS AUTORAIS concedidos à revista OU Direito de Primeira Publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado à Atribuição de Licença Creative Commons (CC BY) que permite o compartilhamento dos trabalhos com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
2. Autores têm permissão para aceitar contratos, distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (por exemplo: publicar no repositório institucional ou como um capítulo do livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho on-line (por exemplo: em repositórios institucionais ou em sua página pessoal) mesmo durante o processo editorial, haja visto que isso pode aumentar o impacto e citação do trabalho publicado.