O Bem Viver e outros mundos possíveis

Autores/as

  • Arivaldo José Sezyshta

Palabras clave:

Bem Viver. Decrescimento. Libertação.

Resumen

A crítica ética ao capitalismo parte da constatação de que as causas econômicas que provocam a deterioração do meio ambiente são as mesmas que acabam produzindo o empobrecimento da maioria das populações do planeta, fazendo dos pobres as principais vítimas desse modelo perverso de desenvolvimento que, ao sacrificar a natureza em nome do lucro, termina sacrificando seres humanos. Afinal, como dizia Capra, “Dez dólares de carvão são iguais a dez dólares de pão”. A perversidade está, justamente, no desencadeamento de um processo ecocida, com consequências ainda inimagináveis para a vida no planeta Terra. O Bem Viver, enquanto alternativa possível e já em construção, ao contrário do capitalismo, guia-se pela co-responsabilidade solidária, tão comum aos povos originários, de quem acolhe as lições recebidas: lições de vida comunitária, de conservação da natureza e de sabedoria humana. O horizonte, então, estende-se a outro tipo de civilização, acolhedora das multiplicidades, responsável por outras maneiras de fazer política, capaz de comprometer-se com a efetivação da equidade econômica a partir da afirmação da vida da comunidade. Trata-se de uma mudança no modo de pensar e de agir, colocando o bem comum acima dos interesses individuais, o que significa a destruição da essência do capital, pois, ao se colocar um limite ao consumo quantitativo, se garante maior equidade, ao se libertar o limite qualitativo humano e a felicidade do gozo comunitário. Essa experiência, que é, ao mesmo tempo, ancestral e contemporânea, qualifica a construção, não de uma humanidade futura, mas, na relação de forças, de “um mundo onde caibam muitos mundos”, evitando a universalização da cultura do mais forte e uma só forma de efetivação da cidadania. O Bem Viver constitui-se como interlocutor privilegiado do decrescimento, não enquanto crescimento negativo, mas enquanto espaço agregador de alternativas capazes de ensinar ao mundo que a felicidade está na convivência e não no consumo.

Biografía del autor/a

Arivaldo José Sezyshta

Pós-doutorando em Filosofia Política – UFPB; Membro Gt Ética e Cidadania/ANPOF.

Citas

ACOSTA, Alberto. O Bem Viver: uma oportunidade para imaginar outros mundos. São Paulo: Autonomia Literária, 2016.

DUSSEL, Enrique. Política de la Liberación: Arquitectónica. v. 2. Madrid: Trotta, 2009.

______. 14 Tesis de Ética: hacia la esencia del pensamento crítico. Madrid: Trotta, 2016.

LATOUCHE, Serge. Pequeno tratado do decrescimento sereno. São Paulo: Martins Fontes, 2009.

LÖWY, Michael. Ecologia e Socialismo. São Paulo: Cortez, 2005.

MANCE, Euclides. A Colaboração Solidária: compreendendo, transformando e co- nectando o que já existe, 1999. Disponível em: . Acesso em: 10 set. 2013.

VELASCO, Sírio Lopez. La ética ecomunitarista y el socialismo del siglo XXI. In: VIEIRA, Antonio Rufino (Org). Ética e filosofia crítica na construção do socialismo no século XXI. São Leopoldo: Nova Harmonia, 2012, p. 211-240.

Publicado

2018-04-30

Número

Sección

Dossiê Ética e Cidadania